Moenda de açúcar, de Johann Moritz Rugendas
(Alemanha, 1802 – 1858)
PALMARES
Tiradentes negro, descendente de Obás ?
De Brás a Padre Melo foi Francisco
centro de um disco galáctico de irmãos
que nas mãos de Jorge Velho sucumbiu.
Mártir negro,entre penhascos cassado,
morto e castrado, na boca o próprio falo,
envolto em halo de almas de ex-escravos,
hoje bravos, sem canudo e malagueta
Sonho negro, sacrificado,
perfurado a balas e punhais.
Não tem mais olho e mão direita,
desfeita carcaça fétida e troncha,
em concha o corpo sem cabeça
Lider negro do mar de cana,
humana e ebânea expressão de liberdade,
(Na verdade avesso Henrique Dias , anti-almares)
que entre pomares na Serra dos Macacos
aos nacos deu de vera independência
para a existência daqueles que o seguiram.
Herói negro, traído num abraço,
no mormaço das brenhas em Dois Irmãos.
Nas mãos nenhum gesto, estupor,
só dor e desalento, resplendor.
Exemplo negro, de luta e resistência,
essência de uma raça, libelo,
elo entre passado e presente,
que está ausente das consciências de agora
de quem mora nos morros e favelas.
Negro , seja portador da utopia.
Ainda que tardia, busque a verdade.
Na Universidade rebusque os anais,
nos carnavais da história seja o destaque.
Ataque de Zumbi, ou Ganga hodierno.
No pós-moderno há sempre um lugar
Prá se buscar o Palmares Eterno.
Antonio Carlos Tórtoro
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