o poeta insone

                      Márcia Maia

entre uma cerveja e outra
noite alta, insone, escreve.
mil estrelas o observam
com um misto de inveja
e de cansaço.
ao olhá-las, assim de longe,
delas tão sente-se perto
que poderia abraçá-las,
não fossem feitas, umas de fogo,
outras de gelo,
e ele, da matéria rara de que se
fazem os poetas,
misto de vento, mar, bruma,
poente e vida.

ah, quantos ardis lhes reservam
ainda, noite e poesia!

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