Poeta não Morre

Poeta não morre, encanta.
Encantado, eleva e enleva a alma.
Seduz, corrompe, violenta, depois acalma.

Poeta não morre em uma estação do ano
Nunca é poente, apenas nascente tecendo sua teia.
Nascente, faz-se luz, clareia, impregna, incendeia.

Poeta não morre, inda mais na véspera da primavera.
Na primavera, espalha perfumes, cores e flores.
Poeta nunca vê, inda mais a morte com seus censores.

Poeta não morre, brinca de morrer.
Encantado, mora com as estrelas faz do céu seu quintal
Conversa com os anjos, aprende a ser imortal.

Poeta não morre. Brinca de ir embora.
Deixa para uns poucos suas tristezas e poesias
P ara outros suas amarguras, pecados, paixões e alegrias.

Poeta não morre. Inda que assim pareça
Poeta não tem temores.
Poeta vai e volta, no coração de seus amores.

Carvalho de Azevedo

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