Mulheres Alentejanas

De chapéu de abas largas
de botas e saias compridas
anda a mulher alentejana.
Traz na cara enrugada
e queimada pelo tempo
o espelho da solidão
traz a foice na mão
que a ajuda a ganhar a vida
a foice que corta o trigo, a seara, o pão.
O Sol é o seu melhor companheiro
de oriente a poente, companheiro.
Traz no velho cesto de verga
o amargo e duro pão
o vinho que lhe corre pelas veias
e lhe dá forças de vencer.
É pura a sua alma
o pensamento,
o trigo é loiro
é leve o vento
além Tejo a viu nascer.

                                    João Jacinto
                                    1974

« Voltar