MÃE

Para dizer quem foi a minha mãe, não acho
uma palavra própria, um pensamento bom.
Diógenes — busco-o em vão; falta-me a luz de um facho,
— se acho som, falta a luz; se acho luz, falta o som!

Teu nome — ó minha mãe — tem o sabor de um cacho
de uvas diáfanas, cor de ouro e pérola, com
polpa de beijos de anjo... Ouvi-lo é ouvir um riacho
merencório, a rezar, no seu eterno tom...

Minha mãe! minha mãe! eu não fui qual devera!
morreste e não bebi em teus lábios de cera
a doçura que as mães, inda mortas, contêm...

Ao pé de nossas mães — todos nós somos crentes...
um filho que tem mãe — tem todos os parentes...
— E eu não tenho por mim, ó minha mãe, ninguém!

                                                                             Hermes Fontes

« Voltar