Mata-borrão

Reflete na vidraça
os tempos lembrados.
Já tiveram muita graça
hoje, ultrapassados.

Janelas abertas revelam
a música que nunca tocou
na bela caixinha
fotos desbotadas na parede
nem branco, nem preto,
nem cor fixou.

No canto, abandonados,
a velha rede
num vai e vem senil,
e um disco de vinil
empoeirado:

— coração cicatrizado.

                       Naid Melo