A BELA DA TARDE

Ela penteou os cabelos
Diante do espelho seu...
Porém, não ousou perguntar
Se havia outra mais bela...

E enquanto olhava da janela,
Ao longe, a linha do horizonte,
Não via que eu também olhava
O mesmo quadro, a mesma tela...

Eis que uma lágrima escorria
Salgada e fria pelo seu rosto
E já morria em sua boca
Da qual eu nunca soube o gosto...

Seria agosto, quase setembro?
Eu só me lembro que a primavera
Anunciava a Nova Era
Já amarela pelo sol posto...

Quanto ao perfume que exalava
De sua casa, dava-me asas
E eu flutuava sobre o ciúme
Até o cume que ainda impera...

Pensei em tê-la... vê-la de perto
E, errado ou certo, ainda penso...
De não fechado e sim aberto,
Ouvindo estrelas, perdendo o senso...

Quanto ao desfecho desse enredo,
Não sei da tarde, não sei da Bela...
A tarde guarda o seu segredo...
Ela fechou sua janela!...

                                      Ivone Mendes

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