Resistência Inglória

Houvesse a escola esclarecido
Os crimes contra
Os Negros cometidos
E quem sabe no Brasil
O preconceito e a segregação
Não fosse tão hipócrita
Sem sentido e sem razão.

Houvesse a escola
Ensinado que herói
Foi Zumbi, e não seus
Furiosos assassinos
E talvez aos Negros reprimidos
Se desse mais respeito com
Seus direitos reconhecidos.

Houvesse a sociedade
Testemunhado com isenção
O infortúnio a que se
Submeteu um povo expatriado
E talvez ao Negro humilhado
Restasse um mínimo de dignidade
E não um povo achincalhado.

Dignidade representada
Por um pedaço de terra
Uma choupana por mais tosca
Saúde, educação e lazer
Um trabalho honesto garantido
Não por lei obrigado
Mas por justiça concedido.

Outorgar-lhes hoje
Seu direito como dádiva
É contra-senso.
É desrespeitar quem lutou
Quem morreu no tronco acorrentado
Nas fazendas aprisionados
Ou em Palmares subjugados.

Reconhecer o erro de nada adianta
Ele é tão superficial que aflora
Difícil é estabelecer a verdade
Porquanto está sepultada
No mais profundo esquecimento
Fato que serve aos interesses
É passivo e não causa aborrecimento.

Então é fingimento
A preocupação aparente?
Por que só Imigrantes têm história
De ter servido o Brasil?
Onde está a nossa história?
É pergunta que não cala
Afinal, resistir também é Glória! 

                                Carvalho de Azevedo

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