nati-vôo

voam tão alto
aqueles pássaros
que os homens
não os enxergam,
não os percebem,
mas eles (co)existem.
e gritam surdos
dentro em nós.

de ventos
em templos
guardam
sob as asas
os (a)mares,
e as brigas
e castelos
(de areia)
que ficaram
sob as ondas.

pousam nús
em verdes campos,
suavemente...
devoram a relva
sem pudores.
e deixam-se
embriagar
pelas cores
das flores.

dançam loucos,
bêbados e livres
divina coreografia.
sem batina,
geografia ou etnia
embalam poesia.

um chorus infantil
invade a lavoura.
pássaro-menino
quer aprender
(finalmente)
a voar.

abrem-se os céus,
forma-se
nuvem-manjedoura.

uma folha cai
e uma borboleta voa.

                 Christina Magalhães Herrmann

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