... a mãe plantada em mim

Eu tenho uma mãe, mãe plantada em mim
Uma mãe irmã plantada em mim
Uma mãe filha, plantada em mim
Uma mãe filha irmã, plantada em mim
Uma mãe mulher, plantada em mim
E um sorriso oculto que nos descobre mãe!

Mas,
Eu tenho a dor de mãe, das crianças sem mães, plantada em mim
Eu tenho a dor da mãe, da fome do filho bendito, plantada em mim
Eu tenho a dor do verso sem mãe, plantada em mim
Ou o eco do cântico, hino sem o clamor de mãe, plantado em mim!

Eu tenho uma mãe, mãe plantada em mim
E um sorriso oculto que nos descobre mãe!

    Brasília, maio de dois mil e sete

SER MÃE!

Quando à luz damos o filho abrimos a trilha pra vida. 
Antes de seu rumo tomar vamos tecendo o caminho, cultivo de gosto e carinho. 
Brisa criando sonhos fecha a porta ao medo do labirinto em que a vida possa ser protagonista.

E vai cercando o caminho...

Cercas de todos os matizes, um florir de coisas belas! 
Ser mãe às mil peripécias:
Fofando a terra daqui, fofando a terra dali; 
Suas mãos conchas, trazendo água da fonte, mesmo as de não sábias fontes, contornam o mal, tornam-na pura.

O impossível não conta: vive num contar de contas, vive um contar às pedras, rosário do faz-de-conta. 
Tão sem como ver a si, mas sábia ao fazer-de-conta,  faz de conta que é feliz.

O caminho se cercando... 
Fazendo crescer as crenças nos santos e a Deus pedindo a bênção,
creditando-a em proteção.

Do lado de fora da cerca espera a maldade da vida. 
E uma bala sem cerca leva a luz que dera ao filho. 
Mais duas vidas sem vida, mais um caminho sem volta!

E vai-se cercando o caminho...
Cercas de todos os matizes, 
um florir em coisas belas...? 

Se me va hacia tus ojos mi entero corazón .

                                             Marlene Andrade Martins

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