AS MULHERES, SEUS VERSOS

A vontade cria o impossível
e depois chora aos pés dele.
enquanto vemos onde está a perfeição
vemos
a inexistência dos caminhos para alcançá-la.
A harmonia noturna
(até parece uma lição de Jung)
refere-se à interação dos opostos na pugna diurna.
Até mesmo a burrice tem o seu encanto, e a ruindade
o seu mistério.
A sujeira vermelha dos lábios tão puros
Os seios de mel do pensamento:
a mulher!,
o florilégio dos eventos multidimensionais.

Ana Cristina César, entre os complementos
o gato era um dia imaginado nas palavras.
Dora Tavares, uma tenda
para instalar suas maneiras.
Heloisa Maranhão, as moradias séptimas
esta velha é um pássaro.
Henriqueta Lisboa, ave poesia
duas gotas de orvalho num bemol.
Lacyr Schettino, oh flor obsessiva
foi sem antes, e deslembrada.
Laís Corrêa de Araújo, luz de uma água
sabes da vida a mansa cor?
Lara de Lemos, adaga lavrada
retomo-te em meus dentes e prossigo.
Leonor Vieira-Motta, tudo de bom!
melhor ainda fazer das pessoas poemas.
Lélia Coelho Frota, alados idílios
entre as duas transidas luas.
Maria Esther Maciel, a sina de mulher
e te senti no além de meu desejo.
Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti
os azuis se abraçam nos horizontes.
Maria Tereza Horta, as nossas madrugadas
e possuíres de mim o que não sabes.
Renata Pallotini, de cavaquinho a guitarra
envelhecias, forma empedernida.
Oga Savary, a noite dessa tarde
solidão, então me invento.
Regina Célia Colônia, sonha que o sol
de fora é o de dentro.
Terezinha Alves Pereira, persiana de flores
meu senhor de olhar de espumas.
Hilda Hilst, pensei subidas onde
não havia rastros.
Yeda Prates Bernis,
na carta guardada sempre murmura o silêncio.
Stela Leonardos
e nas veias vivos veios.
Clevane Pessoa, miríades de bolhas mínimas,
pomares de frutos ignotos.
Adriana Versiani, um dia
a alma distorcida dos espelhos.
Luciana Tonelli,
especializar em ver olhares.
Leila Miccolis, o amor que dura pouco, por toda vida
Sou da floresta o mistério a clareira.
Astrid Cabral, no preamar do meu sonho
Quando eu dizia amor um oceano desatava.
Adélia Prado,
as fainas da viuvez trabalham uma horta nova.
Ana Caetano,
a textura do deserto da palavra eu.
Célia Lamounier de Araújo,
as sirgas e organsis
resvalar seu medo na cisterna dos sonhos.
Maza de Palermo,
na pousada dos tropeiros
o tempo comeu as virgens e os joelhos das beatas.
Araci Barreto,
a liberdade além das estrelas,
bem longe, além dos horizontes.
Marly de Oliveira,
falar de amor não é apenas
atravessar algum deserto.

                                               Lázaro Barreto

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