PRECISA-SE

Um amor-ponte entre dois montes: Elo que liga!
Um amor-viga que sustente o meu castelo!
Um amor fácil que, quando um tente, outro consiga
E siga em frente, presente, rente, paralelo!...

Um amor fraterno, sem briga, intriga; depois e antes,
Moderno, eterno... antiga amante... constante amiga!...
Um amor-Filho pois, na barriga, dentro de mim,
Irriga a Flor do meu jardim... meu Milho-Espiga!

Desse que abriga mas, não obriga quem se recuse
Tão pouco, louco, abuse, acuse ou use amarras!
Seja Cigarra, seja Formiga, seja o que for,
Ao mesmo amor, velha guitarra, nova cantiga!

Um amor que, doa a quem doer, tem mais prazer
Quando perdoa uma pessoa... não se castiga!
Que me procure por onde eu for, sem direção
E cure a dor do coração... Lesão... Urtiga!...

Um amor, entanto, que nunca minta quanto ao que sinta!
Por mais faminta, por mais sedenta, de amor, mendiga!
Pois, alimenta mas, não sustenta tendo ingerido
O amor doído, subnutrido que a dor mastiga!

Assim, fecundo; assim, sem fim; assim, sem fundo;
Que páre o mundo a mim... ou, só por mim, prossiga
Mas, já nem sei se sou a caça, o caçador...
Será você o meu amor? Se for, me diga!...

                                                                      Ivone Mendes