XAARAZADE

Conta histórias das noites fulgurantes
Daquela Pérsia antiga e misteriosa.
E fugazes passando vão instantes
Que dela afasta a morte tenebrosa

E em mil e uma noites os amantes
A fantasia e a vida venturosa
Têm. E contando histórias fascinantes
Sonhando, salva-se a mulher formosa.

Ouve-a o Sultão, e mostra Xaarazade
Qua a mentira é melhor do que a verdade
Quando é bela e faz bem ao coração.

E concluindo a narrativa infinda
Há esse final de toda a história linda:
E o rei que a amava pede o seu perdão!

 

JULIETA

Foi em Verona, nos reais jardins
Dos Capuletos que eles se encontraram!
E como se amam rosas e jasmins
Também naquela noite eles amaram.

Duas almas em flor de querubins
Os ódios das famílias afrontaram.
E ao som das flautas e dos bandolins
Naquele baile, eterno amor juraram.

Suas famílias rivais não consentiam
Nesse amor. E felizes não seriam!
O ódio dos avós dele selera a sorte!

Pelas querelas medievais vencidos,
Com um beijo de amor eles reunidos,
Ligam-se na tumba pela morte!                                             

                                             Custodio de Azevedo Bouças

Do livro: "A lei e a lira", Ed. autor, 1982, RJ
Enviado por Luiz Edmundo Bouças Coutinho