Céu cinzento

Os tambores batem
Os pingos de chuva cantam
Quem pode nos parar
As águas vão rolar
De cima para baixo
A procura do mar

Um coração sobre a ponte
Espera o destino dos botões
Acontecer sem julgamento
Nem manchetes de jornais
Ninguém tem nada com isto
Não podia ser diferente

Os ventos uivam lobos
Relâmpagos cortam aviões
Nuvens baixas suspiram
Luzes ao entardecer
Carros de faróis acesos
Avenidas por todo lugar entupidas

Minutos passam no relógio
Digitais a correr numa mesma direção
Sobre a paulicéia um manto escuro
Céu cinzento
Sem um sorriso no rosto
Tudo é pouco para esta gente

Não tome a justiça nas suas mãos
O pecado dos outros
Apenas o pecado dos outros
Creia no que faz
Ouça o que o amanhã diz
E chore por ela

Os tambores batem
Os pingos de chuva cantam
Quem pode nos parar
As águas vão rolar
De cima para baixo
A procura do mar

Céu cinzento

                    Carlos Assis