INVERNO

chega num rompante de repente
no tamborim das telhas
no vão dos olhos da manhã
nos verdes da estação

o corpo estremunha
no vazio da fome de amor

ah! que vontade de tomar café
ah! que desejo de tomar caminho
ah! que vexame!

a casa fechada, o campo aberto
os corações partidos...
emoção em pele e osso

duro roer o dia
até a noite nos cobrar a volta.

               Francisco Miguel de Moura