À VINDA DA PRIMAVERA

Tange Natura plectros infantes de sons e cores,
Sobe nos humos, desce nos ares a Primavera.
No céu, na terra, no mar, nos charcos, em tudo impera
cantando, a ronda das esperanças e dos amores.

Raiz e pétala, hasta e corola, cálice e antera —
de tudo exala meigos aromas a alma das flores.
Aonde os cinzas, aonde os neutros: Onde eram dores?
Sonhos florescem, risos ensaiam-se: é Primavera.

É Primavera! Germens de chuva... céus de aliança!
Perfumes de ouro, verdes cantigas, rubra bonança!
Sóis e luares congeminados no coração!

E nos espaços mais interiores do pensamento
nasce uma aurora que, nos arroubos do sentimento,
geme os acordes doces e tênues de uma canção...

                                     Anderson Braga Horta

Do livro: Soneto antigo, Thesaurus Editora, 2009, Brasília/DF

  Voltar