Eu sou um Professor!?

Havia harmonia no caos.
Na confusão todos se entendiam
Sem olhares, sem palavras, todos apenas e só apenas sentiam.
Uma cessação única ,mãos desencontradas, faces atribuladas, corpos frágeis, magros,negros, pardos .
Um vazio...
Dependentes da angústia.
Solidão coletiva, aglutinação de impotências, medos...
Uns resmungam, outros calam, tremem, temem,
Os sonhos se vão, se foram se é que existiram,
Choro solitário da experiência de todos.
Dor...
Sem rumo. Seguem, vão num olhar robótico
Abrem mais uma página, desfolham-se,
matam-se, rasgam-se
Aos poucos, todos, aos poucos, uns loucos, um pouco, muito pouco.
Mas, calam...
Seguem... revivem, se exasperam, sofrem ...
Não há a quem apelar ?
A alma pena, os corpos que pelos anos se mutilam, se marcam por fora por dentro.
Por atos, por omissão, por tudo, pelo nada.
Rostos enrugados, bocas, mãos secas, mentes sedentas, ainda sonham, efêmero êxtase.
Haverá um amanhã?
O hoje não lhes permite sonhos ...
Preces mudas, impedidos de ser, rebuscam o não ser.
Crendo ... fingem que são, sentem-se mais fortes para seguir
não sendo .

                                            Gleise Costa