"NOZARTE EM BLOCOS", POR RICARDO ALFAYA

Ricardo Alfaya, Rio de Janeiro, 08.08.1953, formado em Direito e Jornalismo, é poeta, contista, cronista, articulista, ensaísta e editor do
Nozarte Informativo Impresso e Eletrônico. Blogue: http://nozarte.blig.ig.com.br

Coluna de 21/1
(próxima coluna: 21/2)

ANO DE 2004: BALANÇO POSITIVO

1. No que concerne ao movimento literário alternativo, em seu sentido amplo e atual, pode-se considerar o ano de 2004 extremamente positivo.

2. Meus termômetros são o Nozarte Informativo Impresso e Eletrônico e a Internet. Em relação ao Nozarte, Joaquim Branco e P.J. Ribeiro mais de uma vez comentaram que por suas características o informativo tem servido de painel, no qual se revela boa parte do que acontece no mundo literário extra-oficial durante cada ano.

3. Se os dois escritores de Cataguases-MG estiverem certos, podemos afirmar que 2004 foi um ano literariamente abundante. Tivemos duas edições de Nozarte e uma terceira se acha em preparo. Para dar conta do adequado registro do material recebido, a primeira dessas edições, de número 12, em junho, precisou de 27 páginas. A segunda, em outubro, de número 13, necessitou de 15. A que se acha em preparo, embora provavelmente só vá circular em janeiro, trará ainda muita informação que diz respeito a 2004. Acha-se com sete páginas, mas creio que deverá ter no mínimo 10, pois a chegada de novos livros e revistas é constante.

4. Verdade que umas 10 páginas do Nozarte 13 traziam notícias do segundo semestre de 2003. Porém, ainda que concedamos o desconto, teremos a soma de pelo menos 42 páginas dedicadas ao registro de material de 2004 nos três números. Lembrando que estamos falando de páginas em tamanho A-4, aproveitadas ao máximo. A densidade tem sido uma característica da publicação.

5. Ora, comparativamente, estes números batem os de quaisquer outras edições anteriores do informativo. Até então, a edição mais robusta fora a de número oito, no já distante novembro de 1999, a única daquele ano, com suas 18 páginas.

6. Claro que há no fenômeno de expansão o que poderíamos chamar de “efeito Internet”. Não há dúvida quanto a isso. Porém, mesmo considerando os períodos anteriores em que vimos participando das atividades internáuticas, a soma do segundo semestre de 2003 com o decorrer do ano de 2004 ganha de goleada.

7. O fato é que, apesar do custo, o pessoal vem publicando aos montes. Uns poucos com verbas e subsídios, a maioria bancando do próprio bolso. Nesse ponto a multiplicação de antologias com variado número de autores mereceria capítulo à parte. Por outro lado, o registro do simples aumento da quantidade em si não seria suficiente motivo de regozijo. Entretanto, vamos reconhecer, sobretudo no que diz respeito a livros individuais e a coletâneas com menor número de participantes, boas obras têm chegado a Nozarte, tanto em verso quanto em prosa.

8. No campo das publicações, não registramos o surgimento de novos zines e mesmo a quantidade de impressos em papel jornal não revelou significativa expansão, embora tenhamos notado o surgimento de algumas novidades. No entanto, o que chama a atenção é a quantidade de revistas que apareceram de 2003 para cá. Tanto as impressas quanto as virtuais. Importante também considerar que surgiram em um cenário no qual se mantêm vivas revistas culturais impressas já de há muito antes incorporadas ao cenário, como: A Cigarra, de Jurema Barreto de Souza, de Santo André-SP; Literatura, Revista do Escritor Brasileiro, de Nilto Maciel, Brasília-DF; RDC, Revista de Divulgação Cultural da Furb, editada por Tuca Ribeiro, Blumenau-SC; QI, Quadrinhos Independentes, de Edgard Guimarães, Brasópolis-MG; Iararana, por Aleilton Fonseca, Carlos Ribeiro e José Inácio Vieira de Melo, de Salvador-BA.

9. Dentre as novas impressas, todas com bela apresentação, chegaram até nós: Poetizando, de Eunice Mendes e Walmor Dario dos Santos Colmenero, com 15 números; Jandira, da Funalfa, de Juiz de Fora-MG, que estreou na primavera de 2004, sob a responsabilidade de Ricardo Rizzo. No Rio de Janeiro, Plural, editada por Sérgio Gerônimo, surgiu em agosto deste. De Corpo e Alma, de Larí Franceschetto, de Veranópolis-RS, reuniu em seu primeiro número poemas do autor e de seus amigos. Do exterior, Palavra em Mutação, de Portugal, por António Teixeira e Castro e outros, marcou forte presença. Na Mail Art, a revista Friour, de Guido Vermeulen, da Bélgica, iluminou as páginas de Nozarte com sua mensagem libertária, congregando artistas de todo mundo com trabalhos em favor da paz.

10. A esse movimento impresso somam-se inúmeras revistas virtuais estreadas em época recente, como Zunái, de Cláudio Daniel e Rodrigo de Souza Leão; e Anoum, de João de Abreu Borges. Porém, ainda mais significativo é que inúmeros blogues mantidos por poetas e escritores têm-se transformado em revistas e informativos literários. Nesse ponto nossa experiência contrasta com a de um escritor que registrou em seu blogue ter notado a desistência e o abandono de blogues literários. Não duvidamos da autenticidade de seu depoimento, tanto que o inserimos aqui. Entretanto, do expressivo grupo que venho acompanhando, cujos nomes e endereços se acham disponíveis em Nozarte Cultural Blogue, a tendência tem-se verificado no sentido oposto. Isto é, cada vez mais blogues literários vêm surgindo e com freqüência assumem a forma e o conteúdo de publicações, amiúde divulgando não apenas trabalhos do autor, mas também de seus companheiros de letras, além de fornecer notícias sobre eventos, resenhas e demais assuntos culturais.

11. Esperemos que este novo ano que ora se inicia continue positivo e profícuo para os praticantes da literatura em geral, sobretudo para os que teimam em produzir sem qualquer apoio oficial ou patrocínio, às custas de seu próprio e exemplar esforço.

12. A todos que nos têm acompanhado, nosso agradecimento e os votos de um Feliz 2005!

Rio de Janeiro, 28 de dezembro de 2004

« Voltar