FAROFA  DE IÇÁ  TORRADA
 
             Talvez tenham sido os jesuítas que, tentando livrar as suas  lavouras da praga das formigas saúvas ou formigas cabeçudas, disseminaram o costume e o gosto de comer farofa e/ou paçoca de içás fritas e torradas (sem as suas pernas e cabeças) e, depois, socadas em panelas, frigideiras ou até em pilões, com farinha de mandioca  (mexendo-se sempre). Farofa ou paçoca que os paulistas (principalmente os do Vale do Paraíba) comiam enquanto bebiam café. Entre Setembro e  Outubro, quando caíam abundantemente dos céus as içás tanajuras,  saia-se em bandos pelos quintais e pelas ruas dos vilarejos paulistas à cata destas formigas aladas , manás dos pobres dos trópicos paulistas. Depois dizem que nada cai dos céus!... As hordas de fãs das tanajuras buscavam-nas com sofreguidão.  Na São Paulo do século XIX, para o escândalo dos estudantes de outras regiões do Brasil, as tanajuras eram vendidas no centro da capital paulista pelas pretas de quitanda, que as ofereciam junto com os seus biscoitos de polvilho, pés-de-moleque, doces de leite, furunduns de cidra, cuscuzes de bagre ou de camarão, pinhões quentes,batatas assadas ao forno, broas, carás, bolos assados envoltos em folhas de bananeiras e carás recobertos com mel ou melado de cana de açúcar!... Leia sobre este fragmento revelador da nossa história sócio-cultural na página 91 dos Cadernos Culturais do Vale do Paraíba – A Culinária Tradicional do Vale do Paraíba – escrito por Paulo Camilher Florençano e por Maria Morgado de Abreu – editado em Taubaté / Estado de São Paulo- Brasil, no ano de 1987, pelo CERED – Centro de Recursos Educacionais do Centro Educacional Objetivo – volume com toscas e elucidativas ilustrações e com exatamente 373 páginas.

José Luiz Dutra de Toledo