Fugindo dos chatos

Costumo fugir dos chatos. Nem sempre, porém, o consigo. Às vezes, é difícil identificá-los. São dissimulados. Intrometem-se entre as companhias mais sadias com a finalidade de chatear os incautos. É ai que viramos objeto de suas investidas.Os catequistas.

Os chatos, que mais evito, são os missionários, os catequistas, os empenhados em nos atrair para sua causa, sua religião. Sou alvo, com freqüência, dos que me querem salvar a alma. Ou o fígado. E, solertemente, se aproximam de mim, com a mochila, cheia de conselhos.

Sei errar sozinho

Quando menos a gente espera, é alvo dos conselheiros. Lembro meu tio Luiz Costa que,no tabeliê de seu carro, tinha uma plaquinha com os dizeres: "Sei errar sozinho". Era advertência aos que procuravam melhora-lo. Nunca quis melhorar e se deu muito bem na Vida. Está na boquinha dos 90 anos, ainda consumindo três cervejas (ao natural) por dia e em paz consigo mesmo.Tentavam salvar-lhe a alma, o fígado, tudo. Não quis e agiu certo.

A mim sempre acontece o assédio destes missionários. Vocês acreditam que um cabra velho de 64 anos, como eu, que viveu tantas experiências, está carecendo de quem lhe abra os olhos? De quem o advirta para não sorver o bom rouge, o queijo de qualidade, o camarão, a lagosta para não engordar, não elevar o ácido úrico, o colesterol? Será que um velhote destes não sabe o que deve ou não deve consumir? O black.

Um dia destes fui colhido por uma chata que se dispôs a estragar meu rango, na casa de querido amigo. Queria porque queria embargar o consumo do Johnnie Walker, rótulo preto que irrigava o consumo do churrasco. Como se não bastasse importunar-me, tenaz, ainda foi perturbar os filhos tentando faze-los militante da BACOVI, Barreira Contra o Vicio. Felizmente, não conseguiu o que queria: nem me estragou o almoço nem me salvou o fígado.

Lustosa da Costa