À Yeda Schmaltz

Até lá, querida Yeda

        Desde que pela primeira vez aos doze anos presenciei a morte de meu irmãozinho de 5 e o vi sofrer tanto, a minha tendência é me recolher horas, às vezes  dias, até que eu possa assimilar aquele acontecimento de dor.Atendo e faço o que tenho que fazer naquele momento, e depois fico ao ritmo da ferida que se abriu. Costumo escrever para mim mesma, porque desde pequena foi minha forma de desabafar, mas não consigo expor o que naquela hora traumatizante transmiti apenas para o papel com o coração chorando.

        Já passei por terapias para dominar esse recolhimento que nessas horas me acomete. E os profissionais sempre me falam que temos direito, cada qual a seu modo de encontrar forma de sobrepujar um choque profundo.

        Foi isso que aconteceu  sábado, depois que passei na internet aos amigos, a triste notícia da morte de Yeda Schmaltz. O choque, a tristeza, o susto, a dor me deixaram transida de  consternação e eu via passar diante de mim lindos poemas de homenagens, chorava mas não tinha reação para me libertar do choque que acabáramos de receber.

         Fora isso ainda existia acumulando no meu coração outros problemas e doenças em minha família que aumentavam mais ainda o torpor a que me submeti.

          Só agora consigo pelo menos escrever sobre essa grande mulher que eu admirava e gostava sinceramente, com a qual participei em alguns trabalhos e que muito recentemente havíamos feito em conjunto, eu com o texto, ela com a formatação artística, uma homenagem ao nosso  Presidente Lula.

           Yeda era realmente além da escritora, poeta maravilhosa, uma pessoa humana, simples gentil, verdadeira, um ser humano impressionante que enriqueceu nossa cultura e demonstrou o quanto é especial ser uma pessoa que podemos chamar “gente”

            Nem mesmo pretendia fazer uma crônica, mas apenas redigir uma mensagem tendo esperança que de onde estivesse ela sentisse pelo menos a vibração que toma conta de minha alma nesse momento difícil.

        Aprendi a ler sempre seus poemas magníficos, quando incansável ela os produzia formatando e enriquecendo-o com sua arte maravilhosa e ressaltando-o com o tamanho de sua ternura, carinho e talento.

        Estamos aqui na internet, e nos conhecemos nesse espaço virtual fascinante mas tal como no mundo real nossas almas reconhecem uma amizade, a ternura verdadeira que dominam os relacionamentos cibernéticos. E por vezes se fazem mais fortes e profundos que em qualquer outro lugar.

        Assim foi com Yeda, assim a considerava uma amiga que recebia com extremo carinho nas horas em que sentia sua alma através do contato mais espetacular que conheço que é o das palavras em que transmitimos o nosso mundo interior sem conseguir, por vezes ocultar os mais íntimos sentimentos ou no caso de Yeda sem poder simular a grandiosidade do talento ou da capacidade inerente e inigualável.

        Ontem ela estava aqui, tão perto de nós lutando, produzindo atuando, amando, crendo, rindo ou chorando como ocorre na vida de todos nós e agora está nesse espaço no qual não sabemos exatamente qual seja, mas temos certeza, que no caso dela com tranqüilidade e bem-estar.

        Um dia também percorreremos o mesmo caminho e quero levar até Yeda o meu carinho imenso que nem sempre temos oportunidade de mostrar no dia a dia e dizer que ela cumpriu uma missão maravilhosa de escritora, mulher, ser humano em todas as nuances possíveis que eu entrevejo com lágrimas de saudade , respeito e imensa e terna admiração.

        Até lá, querida Yeda! E até lá a minha saudade!

Vânia Moreira Diniz

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