A DIFERENÇA ENTRE VEGETAR E VIVER
(Será que existe?)

Fiquei triste e pressionado com muitos e diferentes problemas.

Tenho andado doente.

Meus horizontes não são mais os mesmos.

O por do sol anda opaco e as estrelas sem aquele brilho.

Meu passo é lento e a chegada é sempre mais demorada que antes, o caminho mais longo e as subidas mais íngremes.

Meus afazeres são poucos, únicos e tediosos, só a repetição do acordar, comer e dormir e isto não é vida de um homem como eu sou. Estou acostumado a produzir e gerar riquezas, bens e dinheiro, muito dinheiro.

Preciso me movimentar mas minhas pernas parecem pesar duzentos quilos cada e estou mais magro a cada dia que passa.

Não tenho ânimo nem vontade.

Não quero comer, beber ou me divertir, não é charme ou vaidade, é aquela ponta de infelicidade que tenta se apossar de todo meu corpo.

Ando preferindo a solidão, a calma e a distância de tudo.

Quero somente o silêncio da noite ou quando muito o barulhinho baixinho da água caindo da cachoeira.

A vida parece ter perdido o sentido e eu a vitalidade que fazia com que meu corpo enfrentasse cem touros, como eu.

Minha inteligência, ainda a única incólume a tudo mais que se subjuga à depressão mostra-me caminhos tortos, outros incertos e sempre frisa o fim, como se o término fosse a tentativa de um novo início.

Não quero vegetar.

Quero trabalhar como leão, ter outros filhos, uma nova casa onde possa eu mesmo fazer e mexer no jardim, pisar na terra e caminhar descalço sobre minha propriedade, meu lar, ao lado do meu amor...

Preciso de tão pouco e este pouco anda tão distante de mim.

Quem sabe alguém sabendo de minha vontade poderia me oferecer a mão que me falta as vezes a me indicar o caminho correto da redenção.

Agradeceríamos, penhorados, eu e meu coração...

                                                                                     Xande Rêgo

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