"Gente hipócrita, gente estúpida"

O presidente no seu discurso de posse chamou os bandidos do Rio de Janeiro de terroristas, e o novo governador do Estado deu o mesmo tom para fazer “simpatias” para suas audiências de posse. A história se repete diante dos súditos do corporativismo público-privado .

A sociedade, de modo geral, se choca quando inocentes de todas as idades são vitimados pela violência da guerra civil que acontece nas grandes metrópoles, entre os bandidos, as forças de segurança oficiais, e as mais novas invenções da incompetência do Estado, as milícias não oficiais.

O que será pior para a sociedade e quais são as relações de causa-efeito das nossas desgraças sociais e suas origens?

- São piores os bandidos das ruas e dos guetos da periferia, agora chamados de terroristas pelo presidente, no final das contas, sendo o produto de uma sociedade hipócrita, governada há décadas por incompetentes e prostitutos da política?

- Ou são piores os hediondos corruptos que habitam o conforto promíscuo dos gabinetes dos palácios da  da política?

Os da primeira alternativa foram formados nos cárceres de uma torpe forma da degradação humana dos excluídos - nosso sistema prisional. Alternativamente receberam em doses homeopáticas nas ruas dos guetos da pobreza, as suas lições de vida, todos sofrendo os efeitos diretos dos crimes da falta de oportunidades de educação e de trabalho, assim como da desintegração de suas famílias pelas extremas limitações materiais a que são submetidas pela sociedade corrupta dos hipócritas, a sociedade do nada.

Os da segunda alternativa, que são cúmplices ou herdeiros das oligarquias apodrecidas, do nepotismo, do empreguismo público, e da política corrupta e prostituída, dedicam suas imorais e aéticas vidas ao desvio de bilhões dos contribuintes. O dinheiro roubado do povo deixa de ser aplicado para melhorar as condições de vida dos excluídos - que viram animais na visão dos vingadores da sociedade do nada – que acabam mortos ou assassinados pelas forças de segurança, ou pelos seus pares que disputam o mesmo espaço do crime.

Os verdadeiros responsáveis pelas desgraças econômicas e sociais do nosso país, continuam protegidos pelo relativismo da banda corporativista fétida de nossa podre Justiça e pela milícia federal oficial.

Enquanto isso, uma indigente passa 30 dias na cadeia por roubar um pacote de manteiga, e os barões da corrupção denunciados ou condenados pelos seus hediondos crimes contra o país, conseguem continuar em liberdade por obra e arte de nossos Tribunais Superiores.

Não  importa para esta sociedade que a  comida, educação, saúde, e trabalho, que faltam para aqueles que se transformam em bandidos, são subtraídos da economia pela ação dos hediondos criminosos da corrupção que zombam do povo e da Justiça?

- Parece que nada importa para a nossa sociedade.

Os bandidos da corrupção circulam livremente no espaço público e ninguém  os vaia, ninguém joga ovo  ou ninguém se atreve a dizer as verdades áqueles que nos fazem de otários contribuintes. Quem se atrever a fazer alguma coisa parecida com o descrito, vai, certamente, preso na hora, sem direito aos "direitos dos  corruptos", protegidos pela nossa  falida Justiça. Mas, no entanto, todos enchem a boca para dizer que “bandido bom – o excluído da sociedade do nada - é bandido morto”. Gente corajosa essa mesma que se cala diante da corrupção!

É o círculo vicioso e viciado dos atos criminosos da política que continua permitindo que a exclusão social seja cada vez mais uma competente linha de produção do sofrimento e das desigualdades, que se renova cada vez mais – ou seja, uma linha de produção de bandidos .

Nossa sociedade  é submissa aos  corruptos, mas cheia de coragem  para pedir a cabeça das vítimas da exclusão social, que cometem crimes bárbaros proporcionais à barbárie que sofrem pelas ações dos inescrupulosos  do poder público que os deixam sem saída – sem educação e sem um trabalho digno - para trilharem a estrada do crime.

... Gente hipócrita, gente estúpida... Ah... o autor destes versos...Cadê ele?

Lenita Medina

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