PROTESTOS

Quando li, no Jornal do Brasil, a reportagem noticiando a exposição, no Rio de Janeiro, sobre Che Guevara, fiquei entusiasmadíssimo, até porque venho desenvolvendo, há cerca de dois anos, pesquisa sobre o revolucionário argentino. Com a notícia, vinha o nome do lugar da exposição, “Casa Brasil”, sem nenhum outro dado, como endereço, telefone ou e-mail. Pus-me, então, a procurar o tal local, que ninguém que conheço conhecia: perguntei a meus amigos cariocas e niteroienses, todos eles ligados à cultura e à arte, em particular. Depois de muita fadiga, um aluno meu de graduação na UFF descobriu, na Internet , o endereço, que não figurava, aliás, em nenhum jornal, na seção de exposições. Segundo a notícia do JB, a exposição Che Guevara ficaria aberta até dia 6 de dezembro às 18hs. Depois de minha lida magisterial na UFF, rumei, dia 6, eufórico, para o endereço que meu aluno me fornecera. Não seria fácil chegar-se à Av. Paulo de Frontin, sobretudo num dia de calor abrasador, quase insuportável, mas o Che vale todos os esforços. Diante do número da rua, não vi nem cartaz, anúncio nem banner ; mesmo assim, embora desconfiado, perguntei ao guarda da portaria se ali era a Casa Brasil; com sua resposta afirmativa, adentrei e vislumbrei uma belíssima arquitetura colonial, totalmente deslocada naquela avenida com viadutos, poluição sonora e visual. Entrei, ainda ressabiado, e inquiri a uma moça se havia uma exposição do Che, ao que ela me apontou uma escada. Foi uma decepção enorme! Eram 15 horas e havia pessoas desmontando a exposição. Fiquei irado, dizendo que moro em Saquarema, sou professor universitário federal, pesquisador da ação do Che... Foi-me dito que a exposição teria que ir para Friburgo, ao que contestei alegando que o fechamento estava marcado para as 18hs e que Friburgo, mesmo sendo linda, não tem a importância histórica, geográfica e cultural do Rio de Janeiro. Jamais poderia imaginar que uma exposição do vulto da figura contemplada pudesse ser tão mal promovida; nenhum ser humano merece tal descaso, desrespeito, incompetência: nem um mito nem um mero mortal que ama os imortais.

Prof. Dr. Latuf Isaias Mucci

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