SOBRE AS ONDAS

A crise dos aeroportos continua firme e forte, desanimando duplamente as aventuras aéreas. Por conta disso, resolvemos empreender nossa segunda viagem marítima, desta vez para o Sul: Montevideo, Punta del Leste e Itajaí.
Que belo país é o Uruguai, visual e gastronomicamente falando!
Na capital, a zona portuária - pelo menos a parte próxima ao atracadouro de transatlânticos - é diferente de outros portos já visitados: existem inúmeros ateliês artísticos espalhados pelas ruas, e o "portunhol" é o segundo idioma.
O mercado do porto é um capítulo à parte: Restaurantes com enormes braseiros, assando carnes de todos os tipos, para terror dos vegetarianos; vinhos de boa qualidade, ou uma "Patrícia" ou uma "Pilsen", para os apreciadores de boas cervejas; pessoas convidando os transeuntes a sentarem-se para degustar uma "parrilla" ou um suculento bife de "lomo" com "papas fritas"... Tenho mantido distância de segurança de balanças em geral, para não somar aos quilinhos a mais o peso na consciência...
O único ponto turístico que não me chamou muito a atenção foi o Estádio Centenário, por razões mais do que óbvias... Mas nossa guia - extremamente
cordial, diga-se de passagem - não conseguiu deixar de lembrar "en passant" certo dia de 1950... Em termos de rivalidade futebolística com o Brasil, os uruguaios só perdem para os "hors concours" argentinos. Mas, vejamos: dois mais dois é igual a quatro, que é menor que cinco. Puxa! Se o Uruguai ainda fizesse parte do Brasil nós seríamos hepta!!! Bom pra nós, melhor para eles!
Punta del Leste é uma cidade moderna e, ao mesmo tempo, glamurosa: de braços abertos para o Atlântico e para o Continente. Consegue ser naturalmente o que outros centros turísticos demandaram artifícios. Tão natural que leões e lobos marinhos flutuam calma e despreocupadamente entre os luxuosos iates das marinas, sob belíssimo Sol e temperatura pouco acima dos 20º C: calor sem suor!
O magnífico Hotel-Cassino Conrad merece ser visitado, bem como o bairro Beverly Hills, que não tem nenhuma colina, mas faz jus ao nome pelas belíssimas construções que abriga.
Mas nem só de terra foi a viagem, pois o navio também tinha seus atrativos: cardápio farto, variado e diuturno; shows interessantes; música em vários ambientes; atividades por toda parte... Os passageiros também eram um atrativo, como o simpático casal de Ourinhos, o trio de jovens de Goiânia: mãe e dois filhos que mais pareciam irmãos; o grupo de Itajaí; o casal de paulistanos, radicado em Brusque; e por aí vai...
O camareiro, José, colombiano, também era uma "figura": Não conseguia pronunciar o nome de meu filho, e ele virou temporariamente "guidjérmo". Sua cordialidade só encontrava par em sua habilidade em fazer arranjos com lençóis e cobertores, o que nos proporcionou alguns "fantasminhas" de óculos, ou escutando "mp3 player".
Adoro viajar de avião, mas, cada vez mais, reconheço que, praiano por natureza; portuário, entre outras coisas; e santista, de múltiplas formas, sou do mar e, graças a Deus, não enjôo.
Ou, pelo menos, os estabilizadores dos navios em que viajei estavam em ordem...

Adilson Luiz Gonçalves

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