16 DE JULHO - DIA DE MINAS

            16 de julho é o único dia do ano em que as fadas dormem, segundo a tradição irlandesa. O costume é colocar travesseiros de algodão em miniatura dentro das flores ou em lugares confortáveis no jardim, onde as fadas dormem. No dia seguinte os travesseirinhos estarão impregnados de magia onde elas repousaram as cabecinhas para dormir... Recolhem-se depois os travesseiros em miniatura, que além do orvalho, terão recebidos os bons fluidos das fadas e transformá-los em ótimos amuletos. Ao olharmos para a história da igreja encontramos também uma linda página marcada pelos homens de Deus, mas pela dor, fervor e amor a Virgem Mãe de Deus: a história da Ordem dos Carmelitas. A palavra Carmelo significa “jardim”, quando abreviada se diz “carmo”. O Monte Carmelo fica ao Norte de Israel, situado na região da antiga Palestina. Neste cenário bíblico, no século IX antes de Cristo, viveu numa gruta o solidário profeta Elias, em espírito de penitência. Defensor da fé de um só Deus verdadeiro profetizou a futura existência da Virgem Maria, Mãe de Deus. Desde então, o Carmelo se tornou local de retiro espiritual de muitos eremitas que buscavam o modelo de perfeição monástica alcançada pelo profeta. A partir de 1237 os carmelitas foram quase expulsos do Monte Carmelo, pois a Palestina vivia sob pressão cada vez maior dos muçulmanos, que acabaram de invadi-la. A Ordem do Carmo atravessou uma fase muito difícil com perseguições e rivalidades até meados de 1251, quando se estabilizou. Nessa época, na Inglaterra, no Carmelo de Cambrigde residia o Superior Geral, Simão Stock, hoje santo venerado na igreja. Ele rezava com tanto ardor à Santa Mãe, rogando com confiança por seu auxílio, para a Ordem criada em sua honra. No dia 16 de julho de 1251, teve uma visão da Virgem Maria sentada numa nuvem cercada de anjos, confirmando sua proteção celeste. Como símbolo de sua união aos carmelitas, entregou à Stock o Escapulário do Carmo, prometendo a salvação e vida eterna a todos que o usassem com fé em Jesus Cristo.
             Na Lenda de Nossa Senhora do Carmo há muitos anos, se levantou um forte temporal quando os pescadores se encontravam em sua labuta, no alto do mar; em terra, as mulheres, desesperadas, fizeram uma enorme fogueira no adro da igreja procurando orientar os seus maridos no caminho do regresso. Dos barcos no mar alto, os pescadores viram a luz distante e a imagem de Nossa Senhora do Carmo, que os acompanhou até chegarem sãos e salvos em terra firme. Tudo isto se passou no dia 16 de julho.
            Às margens do ribeirão, em 1696, nasceu o arraial de Nossa Senhora do Carmo, primeira vila criada na capitania. Em 1745 nomeada por ordem do reino, Mariana. Aqui começa a história de Minas quando bandeirantes paulistas acharam ouro no Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo. Se fizermos uma tríplice aliança ou uma trilogia destes fatos marcados na história da civilização poderemos dizer que 16 de julho é uma data mágica em que na Irlanda as fadas dormem; de fé na qual encontramos a história marcada pela aparição da Virgem Maria na Inglaterra rogando a salvação da vida eterna a todos que buscassem a fé em Jesus Cristo e do nascimento histórico da mãe de Minas, hoje Monumento Nacional e uma das mais importantes cidades do Circuito do Ouro que se faz presente na Terra dos Inconfidentes e dos grandes poetas que fazem parte da literatura nacional.
            Mariana faz parte do universo que faz parte do ser humano e dos contos de fada. Além das montanhas, na fala poética de Durão, Cláudio, Alphonsus, poetas de hoje bradam ou versejam amor incondicional à mãe de Minas...
            Se falar a língua dos homens diria que as coisas que mais acredito atualmente são as coisas denominadas contos de fadas. As mais racionais e belas; a religião também a coisa mais racionalmente certa e bela. O país das fadas não é outra coisa senão o ensolarado país do senso comum na democracia e na tradição. Os grandes poetas supernaturalistas falam dos deuses, dos bosques e dos riachos nos contos de fadas. Não falam somente sobre a grama, mas sobre as fadas que dançam na grama. Por que não citar o mundo dos contos de fadas para homenagear 311 anos da Primaz de Minas? Por que não falar que no país das fadas não falamos de leis por que não precisamos dela, como no país da ciência? Os contos, em todo caso, sempre serão contos; enquanto a lei não é uma lei para todos. O homem que fala a respeito de uma lei, mas que nunca cumpri é um místico. Então por que não transformar a cidade de Mariana no país das fadas? Onde uma coisa deve ser amada antes de ser amável como no conto “A Bela e a Fera”... Ou a enérgica revolta contra o orgulho em si mesmo na lição do matador de gigantes, a partir da qual eles devem ser mortos por que são gigantescos de orgulho e soberba? Não os gigantes, mas o orgulho e a soberba. Poderia descrever inúmeras análises das histórias dos contos de fadas aqui, mas não estou interessada em especificar análises psicológicas ou moralísticas dos contos e sim o espírito da sua lei ou a ética no país das fadas. Cinderela recebeu da fada madrinha uma carruagem e um lindo vestido para o grande baile e uma ordem que deveria voltar à meia-noite. Ela também tinha um sapato de vidro. Este resplendor do vidro é a expressão de que a felicidade é radiante, mas frágil quando estraçalhada por uma pessoa. Nossa vida é brilhante como um diamante e frágil como um cristal. Mas lembro que uma coisa quebrável não significa ser perecível. Mariana é brilhante e única como nossa vida. Uma jóia incomparável e inestimável que deve ser tocada como a vida, suavemente e ela durará não como a efemeridade da vida de um ser humano, mas eternamente neste cosmo que não tem comparação, nem preço, pois nunca haverá uma Mariana igual. Hoje Pátria amada.

Andreia Donadon Leal

Texto enviado pela autora