PAIXÃO COLORADA E O INCONSCIENTE COLETIVO
(aos “Colorados” de todo o mundo, saudando a conquista da Taça “Libertadores da América”)

Na Cidade Baixa, o bairro mais provinciano e boêmio da capital do Rio Grande, durante a noturna refeição num pequeno restaurante, assistindo ao jogo de nosso time, aos 40 min do segundo tempo, ouviu-se, despertando o riso dos espectadores emocionados:

— A América é vermelha!

Hoje, lá pelo meio-dia, topei com a capa escarlate de Zero Hora e, de novo meus olhos esbugalhados ficaram mareados:

— A América é vermelha!

Talvez a antevisão, profecia que acompanha os poetas – e que é a raiz grega da palavra – se tenha instalado em meio aos desejos de emoção e de felicidades.

Porto Alegre, com o azul do firmamento a lhe emoldurar o inverno, escondia uma estrela rubra que seguia em direção ao Japão, no outro lado do Mundo.

Na Via Láctea, milhões de saltitantes estrelinhas cantavam, em uníssono:

— Glória do desporto nacional, oh! Internacional que eu vivo a exaltar!...

Dizem que do Atlântico ao Pacífico Sul, durante toda a noite, e ainda hoje pela manhã, águas azuis se rebolcavam furiosas, enquanto o Sol, todo escarlate, com gosto de vinho e cerveja, lavava o rosto tresloucado de paixão.

Joaquim Moncks

Porto Alegre/ RS, 16 de agosto de 2006
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