VIDA DE TORCEDOR DO AMÉRICA E EXILADOS

Passei parte da madrugada conversando com meu Amigo Cid, torcedor do América como eu, morando e trabalhando atualmente na Austrália. Falamos sobre nossa cerveja futura em suas férias, sobre futebol, amor e Brasil.
— Então meu caro! como é a qualidade de vida na Australia?
— Excelente.
— Pois é meu caro! por aqui eu jé era pra estar rico, se o povo fosse mais responsável e comprasse livros. O Governo não me atrapalha em nada. Só o povo.
— O problema do Brasil é o brasileiro.
—Verdade. Se não reformar essa educação já era. Você viu, elegeram o Maluf, O Clodovil.
— E o Collor?
— Pois é barco à deriva...
— Mas posso te confessar uma coisa?
— Fala.
— Vida de emigrante é uma merda. Te discriminam.
Acham que era um da terra que devia sentar perto da janela.
— Eu sei o que é isso, meu caro! sou meio estrangeiro em toda parte.
Também fico triste quando vou sair pra lutar pelo povo e tenho que lutar contra o povo. Fica por ai. Voce tem competência, eu estou aqui porque não deu pra sair de novo e não me dou bem com aviões. Aqui tem que se trabalhar pras novas gerações. Essa que aí está já era.
Fiquei pensando no Cid. Ele exilado lá, eu exilado aqui.
Mas ao menos somos americanos, nos encontramos em dezembro.
Nem tudo está perdido nas cadeias virtuais que nos cercam.
Às vezes por brechas e trincheiras, achamos um coração que nos deixa repousar um momento.
Eu e Cid, cidadãos do mundo, nos encontramos num desses milagres.

Marcelino Rodriguez

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