Enfadonho futebol

Apesar de escrito depois da Copa na França este texto continua tão atual que resolvi publicar para vocês lerem. O enfado é mesmo, infelizmente.

Por mais que eu queira, assistir a jogos da seleção brasileira de futebol é um sacrifício. Já havia sentido esse desgosto depois das copas perdidas pelas máquinas de Telê Santana. Mas ainda acreditava que a esperança nunca morre. Morreu na Copa da França.

Eram caríssimos artistas tocando bola como se opera no mercado de risco. E a torcida apalhaçada com gorros exagerados, caras pintadas e desgosto nos olhos. Dessa última vez, diferente da Copa da Espanha, não houve choro de menino nas capas dos jornais. A amarelada seleção canarinho desmontou diante do tremulante toicinho colorido da França.

Lembro com certo saudosismo das tabelinhas do Santos de Pelé, Edu e Coutinho, ou dos contra-ataques dos esquadrões do São Paulo bi-campeão do mundo. Volta o Palestra de Ademir da Guia, Dudu e Mengálvio, o Corinthians Democracia de Sócrates, Casagrande e Menon, ou o Flamengo de Zico, o Botafogo de Brito, o Cruzeiro de Tostão, o Internacional de Falcão...

Hoje, quando a seleção brasileira entra em campo, fica uma sensação desagradável de filme baseado em livro.

É como se os nababos futebolistas com brincos de diamante estivessem interpretando futebol. É uma encenação com direção duvidosa, atores badalados mas medíocres e platéias anestesiadas.

Venceu o marketing. Prefiro a Nigéria, cujo roteiro ainda é original.

Maurício Cintrão

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