C.A.M.


Eu tenho um clube do coração, e por ele, meu coração está triste.
Mais que triste, indignado.
Novata na torcida, comecei a ouvir dos veteranos histórias vividas, repassadas por gerações, nas quais o clube era constantemente
prejudicado, roubado, ?garfado? mesmo. Paixões à parte, guardei o que ouvi e observei.
Nesta quinta-feira, 10 de maio de 2007, pude constatar a veracidade do que ouvira. Mas hoje, véspera de novo ?confronto?, ouvi com pesar,
através dos meios de comunicação, algo inenarrável e apavorante.
Num passado bem próximo, na luta entre mocinho e bandido, cada um era o que era e pronto. Hoje não. A justiça e sua mais alta casta não raro
rolam na lama de baixezas mil, e aqueles que deveriam ser como a própria justiça, cegos e justos, na verdade cegam, ensurdecem e emudecem, e ainda, protegidos e imunes, fazem da espada arma contrária os justos ou anunciam ao soar de um apito sua intocabilidade. Assisti a um juiz de futebol errar em campo, não marcar um pênalti, e com este ato, assassinar a esperança dos torcedores. Esperança que vai além da vitória ou título. É a fé na justiça: jogar e aceitar, vitória ou não, como consequência de um trabalho. Mas o prejuízo vai além da emoção, e chega a parte mais sensível do homem: o bolso. Os times hoje são empresas e como tais, têm seus investimentos, compromissos e dificuldades.
Quem rouba do povo o seu direito ao sonho, é no mínimo, insensível.
Quem rouba do povo, time ou nação outros valores, é no mínimo, ladrão.
O juíz pediu desculpas em rede nacional. Espero porém, que tal pedido não seja aceito. Tremo em pensar no precedente que isto abriria na
nossa já tão frágil jurisprudência, afinal, outros bandidos, ladrões e afins, presos ou não, poderiam pleitear para si tal direito e com o atenuante de estarem cumprindo o seu papel social, sendo só o que são.
Resta-me, parafreseando Elisa Lucinda, por teimosia ou ?só de sacanagem?, ser ainda mais honesta, pois se não dá pra mudar o início, que mudemos sim o final.
Empunharei então minha bandeira, imensa, branca da paz, na qual se lerá, em letras gigantescas:
?Eu sou brasileira e não desisto nunca.
Clube Atlético Mineiro: uma vez até morrer.
Liberdade, honradez, honestidade e integridade, jamais serão tardios!?

Maria Luiza Falcão
(em 12 de maio de 2007)

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