Eclipse solar total de 26 de fevereiro de 1998, fotografado em Aruba
J.C. Diniz. O fenômeno de 29 de março, só se repetirá no Brasil daqui a 40 anos.
Foto e explicação do site:http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2721,1.shl

ECLIPSE

    Hoje eu acordei mais cedo, o que não é comum para uma pessoa chegada à noite. A motivação foi observar o eclipse do sol, que estava previsto para as 05:30 da manhã.
    Morar em Natal neste momento representou um verdadeiro privilégio, estamos no ponto onde o fenômeno poderia ser melhor observado no Brasil e ficamos sabendo que viriam pessoas de toda parte, incluindo cientistas da Nasa para registrar tudo. Isso no mesmo dia em que o primeiro brasileiro integrará uma viagem espacial, é demais não?
    O espetáculo foi lindo observamos no deck da casa da nossa amiga Jô na praia de Cotovelo, ela ainda nos brindou com algumas frutas afetuosamente cortadas e servidas numa bandeja. O clima de confraternização foi geral, daí a minha necessidade de dividir com você e todos os meus amigos esse momento.
    A luz que  presenciamos na praia  era de uma claridade impressionante, em um instante surgiu como um pressagio e urgente nos encantou. O laranja único tingiu nossas retinas e a preocupação em proteger a visão foi dissipada diante da emoção daquele presente nos ofertado livremente sem reticências ou cobranças.
    Ali éramos novamente crianças frente ao inesperado e novo da vida. No auge da beleza a lua ficou totalmente tomada por aquela luz e conseguimos observar o seu lado escuro revelado pela luz do astro rei, ela foi nossa intermediária urgente para a contemplação do fulgor do sol. Ao redor da lua se formou o chamado colar de diamantes, uma auréola brilhante e inesquecível.
    É de espantar que nem sempre observamos o céu em meio às ocupações rotineiras. Está tudo ao nosso alcance basta redirecionar o olhar e e lembrar que pertencemos a algo muito maior. Se é verdade que o eclipse pode cegar, penso se realmente enxergo alguma coisa, a pessoa ao lado, os outros ao redor, os desconhecidos na rua, a própria rua, a cidade, os animais, as antenas nos telhados, o horizonte, as estrelas à noite.
    Foi tão breve, não durou sequer dois minutos. Vieram a mente músicas, pessoas queridas que gostaríamos de ter ali, as diversas coisas do mundo que não entendemos e ameaçam nos atropelar. Nada durou. Mentalizamos pela paz e a cessação das incompreensões mútuas. Depois de gritarmos e pularmos como doidos(detalhe estávamos sóbrios), nos abraçamos e prometemos nos encontrar no próximo. Pra mim isso é ser feliz.
    Quando cheguei em casa eis que surge a palavra epifania na cabeça. Vou a internet navego por alguns sites e descubro o seu sentido no original grego: "Epiphaneia" manifestação ou amanhecer. No cristianismo significa o momento em que Jesus, a luz do mundo, se pôs em confronto com as trevas, simbolizado pelo branco e o ouro da liturgia. O termo é anterior e está presente na gnose e nas festas saturnais de origem pagã e romana.
    Na França atualmente se comemora a epifania do senhor no dia de Reis Magos, assim também no Brasil, só que lá eles fazem um verdadeiro carnaval brindado por uma torta de massa folheada, "gallete", que originalmente era dedicada aos amigos e não à divindade. Quem encontra a estatueta de porcelana é coroado rei ou rainha da festa.
    Essa é a minha torta a maneira que encontrei de dividir  esse presente dos céus com você.

Jaqueline Revoredo

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