Trecho da notícia publicada na Folha Online, de 15/5/06

O PCC (Primeiro Comando da Capital) coordena, desde a última sexta-feira (12), a maior onda de ataques a forças de segurança do Estado de São Paulo --foram 180, conforme balanço divulgado pelo governo estadual na tarde desta segunda-feira. Os criminosos também queimaram ônibus, atacaram agências bancárias e ainda promovem uma série de rebeliões. O movimento é uma retaliação à decisão do governo estadual de isolar lideranças da facção.
De acordo com o balanço parcial, morreram 81 pessoas. São 22 policiais militares, seis policiais civis, três guardas municipais, oito agentes penitenciários e quatro civis. Além deles, 38 suspeitos de ataques morreram em confrontos. Treze presos também morreram em rebeliões, elevando para 94 o número de mortes --o número não foi confirmado pela Secretaria da Administração Penitenciária.
Os ataques também deixaram 49 feridos, sendo 19 PMs, seis policiais civis, oito guardas municipais, um agente penitenciário e 15 civis. No total, 91 suspeitos foram presos. Desde o início dos ataques, mais de 90 armas foram apreendidas.

Luto da Cidadania

Em minha casa, com minhas filhas, aquecida em seu carinho, em seus cuidados, em frente à TV, os noticiários trazem a tona um sentimento de luto. A dor de São Paulo, deve representar a dor de uma nação. Pois, ontem foi São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná mas, amanhã pode ser qualquer um de nós. A dor de São Paulo não vem das autoridades, nem do Poder Público, a dor de São Paulo vem de milhares de cidadãos que pagam impostos altíssimos para manter a corrupção, a impunidade que afeta diretamente cada um de nós, pois, retrata onde às desigualdades sociais de nosso país podem levar. E não esquecemos, isto é somente uma face dela.Além de mantermos o Estado mantemos uma força paralela que se alimenta da nossa falta de indignação, da nossa passividade.
O que fazer? Acredito que não há receitas prontas mas, sei que só poderemos mudar tudo isso discutindo de forma coletiva as soluções, saindo da zona de conforto que nos colocamos.E não adianta vir com medidas superficiais. É necessário respeito aos nossos direitos, é necessário o cumprimento de nossos deveres. É necessário discutir política, fazer política. É necessário assumir as rédeas das nossas vidas.
Ontem, Dia das Mães, ao lado de minhas filhas fiquei imaginando se elas terão a oportunidade de ver seus filhos na rua brincando, se elas poderão ir a escola sozinhas, se elas poderão brincar nas praças, se elas poderão ir a praia. Ontem vendo os noticiários fiquei pensando o que estou fazendo para manter tudo isso. Não deixe essa dor passar, esse luto da cidadania reflete a fragilidade, o individualismo, a permissividade de todos nós, brasileiros.

Leslie Holanda
15.05.06

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