A Gênesis do Poeta

Origem do Poema e da Poesia

A criação

         No principio, o Poeta criou em sua verve a Palavra. A Palavra estava sem forma ainda sem alma, as Palavras sozinhas eram escuras e desconexas, apenas signos de inspirações catedráticas.

         O Poeta disse: “que a palavra seja a luz!” e o poema começou a existir. Poeta viu que o poema era bom. E o Poeta separou o poema dos catedráticos: ao poema o Poeta chamou “Poesia”, e aos catedráticos chamou “Críticos”, houve um florilégio e uma tese de mestrado: foi o primeiro dia.

         O Poeta disse: “Que exista as fases da poesia para separar o pensamento antigo do pensamento moderno”! O Poeta fez a Poesia para separar o pensamento divino que esta acima dos pensamentos humanos que estão abaixo do firmamento. Assim se fez. O Poeta chamou ao firmamento “Inspiração”. Houve uma Árcade e uma Plêiade: foi o segundo dia.

         O Poeta disse: “Que as palavras que estão debaixo do firmamento se ajuntem a inspiração, num único poema, e tome abrigo nos corações humanos. E assim se fez. E o Poeta chamou os corações de “Dom” e ao conjunto de inspirações “Ode”. E o Poeta viu que era bom.

         O Poeta disse: “Que as Poesias produzam sorrisos, paixões que produzam a graça, e a graça que produza beleza em todas as coisas e que dêem frutos aos homens, frutos que contenham sensibilidade, cada um segundo sua necessidade”. E assim se fez. E a poesia produziu o sorriso mais belo nas almas humanas, fez brotar o sentimento mais puro nos corações inseguros dos seres, cada um segundo seu caráter, os poemas deram frutos com sementes coloridas, cada uma segundo sua verve, cada um segundo seu afã. O poeta viu que era bom. Houve as cantigas e a medida nova: foi o terceiro dia.

         O Poeta disse: “Que existam as formas e as rimas no firmamento das idéias, para separar as composições acadêmicas das poesias divinas, sonetos e redondilhas; e as rimas deram ritmos ao pensamento para alumiar a terra”. E assim se fez. E o Poeta fez do poema o sentimento maior, a Poesia. O poema permitiu ao homem retratar suas ânsias e seus anseios. O Poeta trouxe a poesia do céu para alumiar os sonhos dos homens. Para amenizar a sensação de vazio e traduzir seus anseios em versos. O Poeta viu que era bom. Houve o nacionalismo e o indianismo: foi o quarto dia.

         O Poeta disse: “Que a poesia faça dos homens pássaros que voem sob seu próprio pensamento e remodele as palavras simples e as transformem numa representação máxima de Deus”. E o Poeta criou as estrelas que brilham no inconsciente do homem, na forma e na intensidade de sua busca. E a Poesia criou asas e tomou a alma humana. O Poeta viu que era bom, e sorriu. O Poeta abençoou os pássaros e disse: “Sejam fecundos, multipliquem-se e iluminem o inconsciente do homem; e que os pássaros se multipliquem na alma das eternas crianças”. Houve o Realismo e o Simbolismo: foi o quinto dia.

         O Poeta disse: “Que a Poesia se traduza nos corações humanos sob todas as formas conforme a necessidade de cada um; sob as formas de musicas, fotografias ou pintura cada um conforme sua visão”. E assim se fez. E o Poeta fez a poesia cantada e a poesia na imagem, cada um conforme sua visão. E o Poeta viu que era bom.

         Então o Poeta disse: façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele domine a regência da música,as cores da imagem, os versos falados e também os escritos e toda a verve possa persuadir a todos os homens supra-sensíveis. E o Poeta criou outros Poetas a sua imagem; à imagem do Poeta ele criou! E os criou Poetas e Poetisas. E o Poeta os abençoou e lhes disse: “Sejam sensíveis, multipliquem-se, encham e submetam a terra; dominem os sentimentos nas Letras, o amor na retórica, a paixão no olhar e todas as formas de expressão do âmago. E o Poeta disse: “Vejam! Eu entrego a vocês o maior dom que possuo a semente, a gênesis do sentir, e todas as formas de expressar: tudo isso será alimento para vocês. E para todas as almas do mundo poético. E assim se fez. O Poeta viu o que havia feito e chorou emocionado, pois tudo era bom. Houve o modernismo e a liberdade nas formas. Este foi o sexto dia.

         No sétimo dia o Poeta terminou seu poema; e no sétimo dia o homem se tornou Poesia, e ele aliviou seu coração junto ao poetar. O Poeta então sagrou e santificou o sétimo dia, porque foi nesse dia que o homem tornou-se poeta e criador de formas. Essa é a historia do Poema e da Poesia.

Darlan Alberto Tupinambá Araújo Padilha

3º lugar na categoria Mérito Regional da V Festival Nossa Arte, Itatiba/SP, 2006.

« Voltar