Que tipo de PAI é você?

“Sabeis por que acho na velhice encanto?
Porque é velhinho o pai que sei amar,
E em cujo peito vou esconder o meu pranto”
(Dez/1924 Ziza de Araújo Trein)

            Como filho, aprendi com meu pai que, quando se fica muito tempo fora de casa, é preciso arrumar uma maneira para passar algum tempo livre com os filhos. Meu pai acredita que os problemas se resolvem apenas vivendo num mundo mágico, que é quando ele tem tempo para acompanhar o filho em suas atividades e brincadeiras.
            Nesse mundo mágico, o pai não tem medo da sua responsabilidade e, com o passar dos anos, sente-se mais participativo e seguro para ajudá-lo a se tornar responsável, autônomo, autoconfiante e afetivo, com o objetivo de enfrentar o mundo real.
            A educação foi um desafio para o meu pai e, cada vez mais, ele buscou construir e desenvolver em mim as singularidades na diversidade, para que eu conseguisse lidar com o mundo em constante transformação. Também, mostrou-me o amor que sentia e, através do diálogo, os desafios do dia a dia, sempre atendendo as minhas necessidades na infância, na adolescência e até hoje, o que faz do nosso lar algo mágico.
            Assim, a nossa vida – pai e filho – tem se transformado em palco de encenações onde, juntos, montamos shows para a família e os amigos.             Tornamo-nos personagens que interpretam em vida e sonhamos sermos “livros” de aventuras, onde aprendemos o sentido da verdadeira amizade e cumplicidade.
            Hoje, ele me perguntou: Que tipo de pai é você?
            Eu respondi que graças a ele sou do tipo participativo e que mantenho ótimo relacionamento com a minha filha. Mostro que ela tem o direito de realizar os seus sonhos e fazer as suas escolhas, percebendo os diversos sentimentos, de acordo com os contextos que se apresentam. Sempre repito isto, para que ela preserve a originalidade de suas ideias e busque a felicidade.
            Sinto até hoje viver uma grande aventura. Adoro brincar, aprender e contar histórias, deste mundo que é mágico, para a minha filha.

“Na cadeira de meu pai estou sentado,
mas filhos não querem colo,
querem asas” (Salete Aguiar)

 

   

 

POR QUÊ OS HOMENS NÃO ESCUTAM AS MULHERES?

            A desatenção é um problema na vida do casal. A mulher sente na pele quando o homem não a escuta, ou dá respostas evasivas. É costume pensar que é descaso. Tem o homem que finge estar distraído para evitar o assunto; dorme no meio da conversa, ou só aceita conversar em determinado horário. Se a mulher insistir, retruca com algum assunto que não tem nada a ver, ou se cala, não participando mais.
            Podemos pensar que o homem gosta de fazer uma coisa por vez; que é objetivo e muitas vezes impacientes com os “floreios” da mulher. Mesmo que depois ele venha a perguntar: “Por que não falou antes?” Se ele escutasse com atenção, poderia evitar muitos conflitos.

            “...
            Ah, se um dia respondesses / ao meu bom-dia: bom dia! /
            Como a noite se mudaria / no mais cristalino dia!”
                                                                       Carlos Drummond de Andrade

            E a “turma de mulheres” que se queixam dos homens que não as escutam  opina que é interessante abrir um espaço para o homem participar dos cuidados do cotidiano; curtir a vida e quem sabe ver no por-do-sol a imagem refletida do homem dando atenção à mulher e facilitando as escolhas diárias.
            O diálogo mantém o encontro do casal e resulta em uma nova mulher que poderá ajudar o homem a compreender a vida com todas as mudanças e aberturas entre duas pessoas com sentimentos. O dom da palavra nos leva à relação, um momento e até um bom livro – um novo encontro, uma nova oportunidade de sentir o mundo.
            Recriar o tempo, em vez de acrescentar horas ao dia; fazer uma pausa, desligando o botão da rotina; certamente há chances dos homens escutarem cada minuto com sabedoria; a mulher terá a certeza de estar viva e valerá a pena a vida a dois.

            “Salve a mulher de amarelo / Põe a de verde no chinelo /
            Mas a mulher de estampado / Deixa o homem amarrado”.
            (Poema popular encontrado no livro Poema Sujo de Ferreira Gullar).

            Toda mulher quer ser ouvida pelo seu amor o ano inteiro.

            “Onde o homem e a mulher são um, / Onde espadas e granadas /
            Transformam-se em charruas, / E onde se fundem verbo e ação”.

                                                                                    Murilo Mendes

Tânia Du Bois