"É BELO-E-BOM-E-LEGÍTIMO SER NEGRO"

Aimé Fernand David Césaire nasceu em Basse-Pointe, Martinica, em 26 de junho de 1913. Poeta e político francês foi o criador do termo “Negritude”. Em setembro de 1934, Césaire fundou com outros estudantes antillo-guianeses e africanos (Léon Gontran Damas, os senegaleses Léopold Sédar Senghor e Birago Diop), o jornal “O Estudante Negro”, que tinha como função o fim da tribalização e como proposta que deixassem de ser estudantes martiniqueses, guadalupenses, guianos, africanos, malgaches, para que fossem um só e mesmo “estudante negro”. Foi nas páginas deste jornal que apareceu pela primeira vez o termo “ Négritude ”. A palavra foi definida por eles como a "afirmação de ser negro e o orgulho disso". A “Negritude”, mais do que um movimento literário se tornou um ato político, uma afirmação de independência, um clamor por reconhecimento, com o objetivo de combater a discriminação e dar ênfase à reflexão sobre a condição do negro e sua relação com o colonizador. Assim, intelectuais haitianos, senegalêses, caribenhos, criaram, em Paris, as revistas “A Legitima Defesa” e “A Revista do Mundo Negro”, consideradas por seus fundadores como parte do movimento da “Negritude”. Uma das características do movimento foi falar da raça, realçar os seus valores, sua dignidade para poder afirmá-los. O movimento não surgiu apenas para recuperar a dignidade e a personalidade do homem africano, mas também como um impulsionador da descolonização da África. Cesaire escreveu diversos ensaios, inúmeras poesias e peças de teatro. Em 1939, em seu célebre livro "Caderno de volta ao país natal", declarou: "É-belo-e-bom-e-legítimo ser negro".  A idéia de volta é a de um retorno à realidade própria do antilhano, situando-o emocionalmente nas Antilhas, historicamente vinculado à África, à Europa, às Américas. O livro é um misto de poesia e prosa poética e foi descrito por André Breton como "o maior monumento lírico do nosso tempo". Aimé Césaire esteve no Brasil uma única vez. Faleceu em Fort-de-France no dia 17 de Abril de 2008 com a idade de 94 anos. Várias personalidades do mundo inteiro renderam homenagem ao poeta, ao homem de ação e ao pai da negritude. 

O Dia da Consciência Negra  é celebrado em 20 de novembro no Brasil, data escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. O dia procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte forçado de africanos para a terra brasileira. Algumas entidades organizam palestras e eventos educativos, visando evitar o desenvolvimento da inferiorização do negro perante a sociedade, além de promoverem o debate sobre a inserção do negro no mercado de trabalho, as cotas universitárias, a discriminação por parte da polícia, a identificação de etnias, a moda e a beleza do negro, etc. O dia é celebrado desde a década de 1960, embora só tenha ampliado seus eventos nos últimos anos; até então, o movimento negro precisava se contentar com o dia 13 de maio, Abolição da Escravatura, comemoração que tem sido rejeitada por enfatizar muitas vezes a "generosidade" da princesa Isabel, ou seja, ser uma celebração da atitude de uma branca. 

Leninha

Fonte: pesquisa em sites da Internet

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