O SÍTO DE PAI ADÃO

Mais conhecido como o Sítio de Pão Adão, o Ilê Obá Ogunté, matriz ética e estética do culto nagô em Pernambuco, é uma das mais veneradas casas de candomblé do Brasil.
É hoje comandada pelo babalorixá Manoel do Nascimento Costa, o Manoel Papai, que herdou o posto de José Romero da Costa, seu pai, falecido em 1971.
A história do Sítio de Pão Adão começa em 1875, com a chegada ao Brasil da africana Ifá Tinuké, que aqui foi rebatizada como o nome de Inês Joaquina da Costa, a popular Tia Inês. Ela foi a fundadora do atual terreiro, situado na Estrada Velha de Água Fria, 1644, no bairro de Água Fria, no Recife.
Ao chegar ao Brasil, Tia Inês trouxe divindades, simbolizadas por objetos e imagens. Trouxe consigo também as sementes que resultaram nas duas gigantescas gameleiras existentes no Terreiro, ainda hoje um quilombo onde moram cerca de doze famílias.
As árvores, cultuadas como divindades, receberam o nome de Iroko. Segundo Manoel Papai, são orixás que regem o tempo. Dentro delas, nas fissuras dos seus troncos, existem vários objetos religiosos que ali foram colocados nos tempos de perseguição cruel ao terreiros pernambucanos, no governo de Getúlio Vargas.
Também como lembrança desses tempos de repressão, ainda existe no Terreiro a capela católica dedicada a Santa Inês, onde estão imagens de santos católicos. Para funcionar, os terreiros tinham que mantér também capelas católicas.
Além de Manoel Papai, também dirige o Terreiro a ialorixá Maria do Bonfim, em cumprimento à tradição nagô que estabelece que a casa deve sempre ser dirigida por um pai e uma mãe-de-santo.
O terreiro sempre foi uma comunidade de descendentes africanos. Após a morte de Ifá Tinuké, o sítio passou para a liderança de Felipe Sabino da Costa, o popular Pai Adão, figura histórica do xangô do Recife, que batizou o terreiro com o seu nome.

Consagrada à orixá da maternidade e das águas salgadas, Iemanjá, a casa é decorada em azul e branco.

Clóvis Campêlo

Fonte: ALBERTIM, Bruno. Sítio de Pai Adão vira ponto turístico. Jornal do Commercio, Recife, 24.07.2008, Caderno Turismo, p. 6.

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