Mãe Natureza

Mulher

Pelo cheiro de úmidos crepúsculos. Pelas falanges que de rosas perfuradas por estátuas se faz relógios mugindo esperanças e formosura. A mulher caminha com verões em incêndio disseminados. A mulher crepita por entre escritórios e expedientes seu cheiro de fogo. Seus gestos são como abismos luminosos de descanso e delícia. Ela é como raiz de fábricas submersas em versos. A mulher destila instantes em suas coxas que ardem vertigens. Os seus quadris são estrofes acumuladas de acontecimentos. A mulher é como um ano infindável. A mulher arde insensatez. Seus olhos olham o olhar de dias ilesos. Seus olhos olham o olhar dos cotidianos. Seus olhos com delicadeza são como uma porção de pétalas extraviadas que no fundo de um jarro de cristal cochilam. A mulher é o milagre. E se debruça em anjos nupciais que brilham seus vocabulários de caminhos. A mulher despassarinha existências desnudas. E seus beijos de mãe madura espreguiçam lágrimas de amores adormecidos. E suas mãos de universitária compõem domingos que desfazem ventos naufragados em silêncio. De seu pranto horizontes soluçam. A mulher é uma incógnita de flores coaguladas em soluços. A mulher é abelha orgulhosa de façanhas. Sua vida é do riso um sim de ternura e perfume cuspindo o combatido nunca mais e seu adeus.

Diego Ramires Bittencourt

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