Festa de São João

Lembro-me com carinho, os fogos a espocar, as estrelas e foguetes subiam horizonte acima e meu pai segurava nossas mãozinhas no alto como a dar-nos garantia de que nada aconteceria. Contemplava o Céu e comparava com os olhos azuis de meu pai que brilhavam como turquesas preciosas e ambos me acalmavam na sedução de sua força incontrolável.
São João, fogos de variadas cores e formatos, distraindo e animando a criançada encantada, que enfeitiçada pelo colorido intenso quedava-se tranqüila silenciando os gritos longos e naturais.
São João, de reuniões interessantes e esperadas, que iam pela noite adentro divertindo pequenos e grandes, unindo as pessoas e atraindo-os para as guloseimas especiais e o saboroso quentão.
Ficava observando meu pai a nos dirigir, os olhos azuis como o do firmamento e me perguntava pretensiosa se Deus era assim e acreditava tranqüilamente em sua onipotência.
Na minha infância, haviam fogos nos meses de junho, coloridos e quitutes que se espalhavam displicentemente nas salas bem decoradas comemorando a festa aguardada. E os olhos azuis de meu pai a cintilarem como o céu.
Risos e alegria dos infantes como se nada mais existisse, os rostos expressivos dos adultos comemorando o evento, esquecidos de responsabilidades e obrigações e os olhos azuis de meu pai a chamejarem bonitos como o esplêndido céu.

Vânia Moreira Diniz