poeminhas no bosque

a cigarra deixou
no tronco da árvore
a casca e o canto


o velho cavalo
carrega o sol no lombo


a cor dos açafrões
giram no vento as folhas
e o grito dos pavões


formiguinha solitária
na terra molhada
da chuva noturna


a cigarra zune doida
o urubu no alto
nem liga


um bem-te-vi e uma corruíra
me acompanham no caminho
me saboreiam


três rolinhas bicam o chão
bicam meus olhos
brilham


borboletas me rodeiam
como se eu fosse
uma flor


um baque surdo no lago
e um melro voa
de um galho de cedro


uma aranha metafísica
me anula

                                       José Carlos Mendes Brandão