OS SAPOS

"Se a saparada coxa, vai chover."
Assim diz um ditado popular.
Sábio? Talvez... Mas preferimos crer
por uma festa muito singular...

Quem sabe em honra à lua a resplender
nas águas mansas, feito argênteo altar
com vela acesa, conduzindo a um ar
de amor e paz, com bênçãos a escorrer...

Bem pode ser... Com sapas enfeitadas
de algas azuis, de líquens e de flores,
exibindo-se aos sapos, nos calores...

Croc... croc... e lá val eles às agiadas
alcovas para beijos e emoções...
Para depois... sapinhos aos montões!

 
Do livro: "Hipocrene", Gráfica Planeta, PR, 1992
 
 


... AO SABIÁ

Sabiá, a quem tu cantas tão bonito?
À namorada alheia ao teu amor?
À tarde se entregando ao infinito?
Ou à vida, à mulher que é também flor?

A quem tu cantas? Canto triste é dor
de amor, em som saudade, ao som bendito
de contas de rosário a recompor
o instante mágico há muito escrito...

A quem tu cantas, ó meu sabiá,
naquelas horas em que a nostalgia,
a companheira que me faz chorar?

Quem sabe para mim... Será? Será?...
Sim... pode ser o amigo na poesia
do entardecer, ansiando me inspirar...

                                                                        Leonilda Hilgenberg Justus

Do livro: "Abstratos Concretos", Gráfica Planeta, PR, 1994