O PINTINHO
(Um conto doméstico, baseado em fatos reais)

Minha filha mais velha quando criança ganhou um pintinho de uma senhora de nossa vizinha que, alegando ter gatos e que eles matariam a avezinha.

Acontece, que nós também tínhamos uma gata e, embora eu fizesse a observação, fui voto vencido. O pintinho ficou em casa, quero dizer, no apartamento.

O tempo estava muito úmido, pois, chovia por vários dias consecutivos e, pela manhã fazia sol. Quando cheguei na sala, a gata estava deitada ao sol e o pintinho caído bem próximo do focinho da gata, com a asa aberta e a cabeça caída. Pensei, infelizmente, aconteceu o inevitável, a gata matou o pintinho.

Qual não foi minha surpresa quando o danadinho levantou a cabeça e abriu a outra asa, voltando a posição anterior, a cabeça inclinada sobre ela.

Pois bem, esse pintinho foi crescendo e, minha mãe montou em uma caixa de papelão, um poleiro, onde ele dormia todas as noites no quarto de empregada já que nossa empregada não dormia em casa.

Quando eu chegava em casa, após o trabalho era comum sentar-me na sala para ver TV e ele vinha, subia na poltrona e se alojava embaixo do meu cabelo e, dormia. A cada movimento de cabeça que eu fazia ele piava alto, da mesma maneira quando se via sozinho e queria saber onde estávamos.

Era só dizer: “Titití....estou aqui” e, ele ia onde eu estivesse.

Subia na mesa às refeições e, sem qualquer cerimônia, comia no meu prato.

O pintinho, como era de esperar, cresceu e virou um frango que já não podia permanecer no apartamento. O pior, é que todo mundo se afeiçoou ao bichinho e ninguém queria que fosse embora.

Conversando com a Carlinda, a senhora que tomava conta da chapelaria do Clube ela se propôs a levar o franguinho para a chácara onde mora e criava galinhas. Garantiu-me que cuidaria muito bem dele e que, não seria morto para servir de comida para ninguém.

Assim foi feito e, sempre tinha notícias “dela”, isso mesmo, dela, era uma galinha que, botou ovos, chocou-os e teve pintinhos e, um belo dia, caiu do poleiro morta. Teve um mal súbito. Foi enterrada com honras, segundo a Carlinda.

Acho que eu deveria ter feito Veterinária ao invés de Direito.

Neuza Maria Mollon (Clarita)