Bárbara Bandeira Benevento 
Carioca,  psicóloga, solteira, 27 anos, trabalhou com deficientes visuais, é sobrinha-bisneta do poeta  Manuel Bandeira.
Leia também seu blog, no endereço: <http://www.amorracional.blogger.com.br>.  Na foto, nossa colunista com Sacha.

Coluna 69

"Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de se  lutar por crianças ou idosos.
Não há bons ou maus combates, existe somente o horror ao sofrimento aplicado aos mais fracos, que não podem se defender".
Brigitte Bardot

Gaiolas

Você gostaria de viver preso? Então porque você acha que os animais gostam?

Hoje gostaria de começar a coluna fazendo um apelo - andando pelo Centro do Rio de Janeiro deparei com várias lojas (caindo aos pedaços) que vendem animais (cães e pássaros).

As condições são sub humanas, estão presos em lugares muito quentes, gaiolas minúsculas. Vi dois poodles e um Chow Chow sendo vendidos, entre outros. Na gaiola dos poodles nem água tinha!

Não me conformo, perdi a fome no mesmo instante. Não saiu da minha cabeça a cena de cães e pássaros passando por aquela situação absurda... é impossível compactuar com tamanha crueldade!

Vamos protestar, enviar e-mails pra Sepda ( Secretaria de Defesa Animal) - afinal de contas ela foi criada para fiscalizar e isso eu não vejo em lugar algum.

Guardei o nome de duas “lojas” mas há muitas outras. Uma é Nova Pet, na Rua Buenos Aires e a outra é Nova Colibri na Rua do Teatro.

Depois desse episódio não tenho vontade de falar sobre mais nada, fico muito desanimada, mas como meu sábio pai costuma dizer – “o Ser Humano ainda tem muito o que evoluir” e só poucos conseguem.

Não temos tempo de olhar para o outro, seja humano ou não, somos muito ocupados, é mais fácil ser cego e surdo! A vida já tem problemas suficientes, não é?

Mas esses pobres animais que não deram sorte, não podem ser tratados como MERCADORIA, em uma vitrine ou gaiola como se fossem coisas. Vamos fazer nossa parte, denunciar, prestar atenção nessas lojas horrorosas e divulgar para que mais pessoas fiquem indignadas.

Hoje também queria agradecer muito a querida Leila Miccolis que apadrinhou dois cavalinhos da Protetora que salva muitos deles aqui no RJ e não tem ajuda nenhuma - a Carmem Senna. E quase ninguém se importa com esses lindos animais! Uma pena... como eu queria ser rica.

Trago uma matéria horrorosa mas muito educativa sobre o sofrimento que a vaca e o bezerro passam, antes do bezerro virar um pedaço de carne macia, para mais uma vez o ser humano se deliciar e matar sua gula! E um lindo poema sobre gatos da escritora Silvia Schmidt.

Abraços

POEMA

Autora: Silvia Schmidt
Extraído do Site APASFA (Associação Protetora de Animais São Francisco de Assis)

Desabafo de um gato

Gente complicada é um saco de gatos!
Mas o maior saco é ser gato!
Principalmente sem raça
Dizem que gato dá azar,
mas o grande azar é ser gato!
De dia a "gente" se esconde
da paulada, da pedrada, do atropelamento,
do "pega prá capá",
do balde d'água, da vassoura,
e até de um outro gato
que corre pro nosso lado
 fugindo das mesmas coisas!
À noite, como diz o provérbio,
"Todos os gatos são pardos".
Então, a "gente" se arrisca
e põe a cara prá fora:
às vezes viramos presunto
quando não viramos churrasco!

De fato nós temos um jeito
até muito humano de ser.
E que culpa temos disso?
Malícia, desconfiança,
muita personalidade,
atração pelo conforto,
preguiça, instabilidade de humor,
muito afeto reprimido pelo medo
e muita vontade de sermos amados.

Se eu fosse gente,
eu adotaria um gato.
E como gato,
eu adoraria "adotar" alguém!
Mas, infelizmente,
quase todos pensam 
que gato é um saco.


MAS SACO MESMO É SER GATO !!!

 

Matéria

"BABY BEEF" OU VITELA, VOCÊ SABE O QUE É ISTO?

Gente, isso sério!!!

A carne de vitela, é muito apreciada por ser tenra, clara e macia. O que pouca gente sabe é que o alimento vem de muito sofrimento do bezerro macho, que desde o primeiro dia de vida é afastado da mãe e trancado num compartimento sem espaço para se movimentar. Esse procedimento é para que o filhote não crie músculos e a carne se mantenha macia. "Baby beef", é o termo que designa a carne de filhotes ainda não desmamados.

O mercado de vitelas nasceu como subproduto da indústria de laticínios que não aproveitava grande parte dos bezerros nascidos das vacas leiteiras.

Veja como é obtido esse "produto": assim que os filhotes nascem, são separados de suas mães, que permanecem por semanas mugindo por suas crias. Após serem removidos, os filhotes são confinados em estábulos com dimensões reduzidíssimas onde permanecerão por meses em sistema de ganho de peso - alimentação que consiste de substituto do leite materno.

Um dos principais métodos de obtenção de carne branca e macia, além da imobilização total do animal para que não crie músculos, é a retirada do mineral ferro da sua alimentação tornando-o anêmico e fornecendo o mineral somente na quantidade necessária para que não morra até o abate.

A falta de ferro é tão sentida pelos animais, que nada no estábulo pode ser feito de metal ferruginoso, pois eles entram em desespero para lamber esse tipo de material. Embora sejam animais com aversão natural à sujeira, a falta do mineral faz com que muitos comam seus próprios excrementos em busca de resíduos desse mineral. Alguns produtores contornam esse problema colocando os filhotes sobre um ripado de madeira, onde os excrementos possam cair num um piso de concreto ao qual os animais não tenham acesso.

A alimentação fornecida é líquida e altamente calórica, para que a maciez da carne seja mantida e os animais engordem rapidamente. Para que sejam forçados a comer o máximo possível, nenhuma outra fonte de líquido é fornecida, fazendo com que comam mesmo quando têm apenas sede.

Com o uso dessas técnicas, verificou-se que muitos filhotes entravam em desespero, criando úlceras pela sua agitação e descontrole no espaço reduzido. Uma solução foi encontrada pelos produtores: a ausência de luz; a manutenção dos animais em completa escuridão durante 22 horas do dia, acendendo-se a luz somente nos momentos de manutenção do estábulo.

No processo de confinamento, os filhotes ficam completamente imobilizados, podendo apenas mexer a cabeça para comer e agachar, sem poderem sequer se deitar. Os bezerros são abatidos com mais ou menos 4 meses de vida - de uma vida de reclusão e sofrimento, sem nunca terem conhecido a luz do sol.

E as pessoas comem e apreciam esse tipo de carne sem terem idéia de como é produzida. A criação de vitelas é conhecida como um dos mais imorais e repulsivos mercados de animais no mundo todo. Como não há no Brasil lei específica que proíba essa prática - como na Europa - o jeito conscientizar as pessoas sobre a questão.

Nossa arma é a informação. Se souber o que está comendo, a sociedade que já não mais tolera violências, vai mudar seus hábitos. Podemos evitar todo esse sofrimento não comendo carne de vitela ou "baby beef" e repudiando os restaurantes que a servem.

O consumidor tem força e deve usar esse poder escolhendo produtos, serviços e empresas que não tragam embutido o sofrimento de animais inocentes.

(Fonte: Instituto Nina Rosa - Projetos por Amor)


Esta coluna é atualizada todas às segundas-feiras