NOSSOS AMIGOS: OS CÃES!

Há certos momentos na vida da gente que cães, gatos, papagaios, passarinhos e tantos outros animais tornam-se muito necessários, até para nosso equilíbrio emocional. Esses animais não são à nossa imagem e semelhança... Que bom! E nós estamos muito longe de sermos à imagem e semelhança de um ser superior, como nos ensinaram. Se assim fosse não seríamos tão fracos, dependentes, encrenqueiros, maldosos, invejosos e não usaríamos de má fé – aliás, estamos no momento propício para isso; é só ligarmos a televisão no horário eleitoral.

Quem ontem era arrogante, hoje está simples como um pastor de ovelhas; quem roubou como descarado, hoje fala de honestidade; quem ontem só fez por si, fala em fazer para os outros; quem nunca deu a mínima para a educação, só fala em escolas e crianças ... E a prioridade de todos é a mesma: saúde, educação e segurança. Há anos o mesmo papo! E como novidade vejo pela televisão ‘mãozinhas no coração', num ato da mais perfeita ternura. Tudo virou cômico: não existe programa humorístico que bata o horário eleitoral brasileiro.

São tantas as razões, tantas são as descrenças... Por bobagens, discutimos e ofendemos... Mas cá estou amando os animais mais do que nunca e escrevendo este texto em homenagem a eles. A todos os animais de estimação e ao meu cão ‘Guga' em particular. Tem este nome pela sua garra, sua luta e sua vontade de vencer quando foi atropelado; quando o encontrei com um corte profundo no peito, resignado e com um olhar que pedia compaixão e um pouquinho de carinho. Nada mais: nada mais! E hoje devolve em triplo o pouco que lhe dei. Dá um aperto no coração quando penso do pouco que lhe dei e o tanto que recebo...

Só um cão é capaz de ficar 24 horas, ao pé de nossa cama, sem reclamar, apenas sendo acompanhante, sem nada pedir e num ato de solidariedade;

Só um cão percebe nossa tristeza e fica quietinho, preocupado, e ainda arrisca uns afagos...

Só um cão suporta ser escorraçado e não guarda mágoas à frente do primeiro carinho;

Os cães não odeiam, não invejam, não ofendem e são capazes de aliviar nossa alma da arrogância, da maledicência e do barbarismo humano.

Só os cães seguem, vida afora, em cima de uma carroça ou acompanham um mendigo, sem nada pedirem.

São Francisco de Assis dizia: não te envergonhes se, às vezes, os animais estiverem mais próximos de ti do que as pessoas...

Agora, ouvindo meus clássicos preferidos, bate-me uma certa tristeza: não sei bem que tipo: pode ser uma tristeza que emana do meu próprio ser ou a tristeza da própria música que me conduz a um estado de reflexão e de desapontamento.

Quem está comigo, deitado bem pertinho?

— Guga, o meu cãozinho. Vou buscar um cobertor para cobri-lo de amor.

Tais Luso de Carvalho