Glauco Mattoso - II

Alô, Leilinha! Citei você de novo, veja só:

Como resultado de minha participação nas Rodas de Leitura do CCBB (*)  , juntamente com Roberto Piva, Chacal e Jorge Salomão (**), fiz no dia seguinte o soneto seguinte, homenageando a geração dita "marginal" a que pertenço:

SONETO 909 GENERACIONAL

Chacal pagou o preço da passagem
e deu muito prazer a quem o leu.
Sem ser uma Marília ao seu Dirceu,
prefere Ana Cristina outra viagem.

Cacaso e Chico Alvim, em versos, agem
tão espontaneamente no apogeu
quão espontâneo foi o Caio Abreu
na vida e no seu auge, que é coragem.

Medéia, Leila Míccolis burila.
Tavares, Bráulio e Ulisses, corresponde
à versatilidade na mochila.

Leminski encurta o curso e pega o bonde.
Garimpa o Tião Nunes rica vila.
Mattoso é grato ao Piva, que o faz conde.
 

O soneto acima atualiza o que vai a seguir, declamado na "saideira" daquele recital (***) :
 
SONETO 394 BELETRISTA

Na história da poesia brasileira
Gregório, como um sátiro, desponta.
Dirceu canta Marília, que não conta.
Gonçalves Dias trepa na palmeira.

Rabelo é Zé, não tem eira nem beira.
Escravo, ao Castro Alves, vira afronta.
Bilac eleva e leva a lavra em conta.
Delfino é preso ao pé, mas mal o cheira.

Augustos são vanguarda: Alguém os siga!
Oswald e Mário apupam: Pau no apuro!
Drummond, Bandeira, ombreiam, bons de briga.

Cabral é cabra cru, cerebral, duro.
Se Piva quer viver na Grécia antiga,
Mattoso, em trevas, vive no futuro.

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(*)       Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro

(**)     A palestra citada por GM realizou-se em 05/09/03


(***)   Idem