Vera Casa Nova


De poetas e poetas


Vale a pena ser poeta!
Evoé Macalé!
Jatos de sangue
Pelas esquinas da cidade.
As tramas acontecendo no palácio
E os poetas marginais
Evocando outros poetas.
Ei, Chico Alvim!
Não deixas por nada a diplomacia!
E tua namorada cocainômana
Te procura nas madrugadas
Para dizer
Que te ama?
Ei, Cacaso!
Até hoje há gotas de sangue
Nos cartões–postais do Rio!
Kant continua dançando foxtrote!
A nossa epopéia anda
Deixando nossas pupilas fascinadas
Fazendo jejum.
Converso com Piva
Na praça da república dos meus sonhos.
Torquarto grita que é um pronome intransferível
Pudera!
Capinan ri desse destino e parte no expresso do meio-dia.
Chacal vem aí pela calçada do bar vendendo seu poema oswaldiano
É bom ser camaleão? Continuas dando rolê por aí?
em Santa Teresa ora veja!
Charles na nuvem cigana dá um abraço no Chico Chaves
E na nuvem já se esqueceu do drama familiar e dos berros histéricos.
Bernardo Vilhena não sabe se prefere coramina ou adrenalina.
Prefiro ir ao Bob's tomar um sundae de morango
E esquecer essa vida bandida.
Das mulheres fico com Leila — a Miccolis
Que não esconde o feto no forno
Nem a voz de cio.
E depois com Ana Cristina
Roendo as unhas
Escrevendo suas flores do mais
E coçando o hímem.
E já que comecei com Macalé
Termino essa saudade com Waly
Riscando da composição os períodos de obscuridade.

Garoto
Você é meu garoto
Você mora no meu coração.