A POESIA É UM TEMPLO

Entro no sagrado Templo com a alma
alegre e feliz por ser a salvação
da contradição; por ser esta amálgama
em que ómega e alfa são uma união;
alegre e feliz eu entro em efusão.

Feliz é o estado simples que me habita
da alma ao coração: o estado mais querido
em que o que se quer, nos é oferecido.
Alegre porque é o impulso duma vida
que festeja o facto belo, o mais sentido.

A Poesia é um Templo nu, sem ornamento;
é o alimento único ao sustento
dum sedimento que anula o sofrimento
do ser, do fingir, do agir, com o unguento
que transforma em paz o íntimo violento...

Entro no sagrado Templo com a paz
do Amor, promovendo a festa da existência
numa dependência simples, como faz
o coro da Igreja única, essência,
mãe e virgem santa, pura benquerença.

A Poesia perfuma a vida, colora o ser,
musica a alegria, cativa a alma aberta,
seduz todo o Bem que envolve o crer e o parecer,
amalgama todo o Amor no gama certa,
substitui o mal do ser por grande festa.

18.10.2004

(Ode versada na Arte Maior [hendecassílabos versométricos])

Daniel Cristal