OS OLHOS DO GATO

Tome de Neruda os seus óculos-gatinho para que meças dos felinos além do rms das papilas da língua, o infinito que há nos olhos deles descobertos.

Para que vejas nos oitos irisados e na difração daqueles laminares arco-iris, os lambdas que correspondem aos efes do vermelho ao violeta, sem contudo ultrapassar o C da constante universal relativista.

Sinta naquele terceiro olho da hipófise, coroa acima do hipotálamo, a interpenetração dos claros e escuros em um Tao que age na não-ação.

Depois admire no signo leminiscato a serpente que morde o próprio rabo.

Mas não te esqueças que naquelas infâncias, dos teus l_egos, construíste locomotivas próprias para atravessar dos black aos write-holes pelos Schwarzchild´s worm-holes, além do horizonte dos eventos.

Aí começaremos então a integrar os nossos chips, trocando elétrons através das cavidades, nos fractais mitológicos e nos seus arquétipos, e nas trevas dos tempos e nas auroras boreais.
A entropia é a medida do caos e os fractais a ordem no caos que há no caos.

De entre Eros e Thanatos, retiremos aquele espelho duplo colocado para que a eles só fosse possivel enxergar a vida-ou-a-morte e não a vida-e-a-morte, ao mesmo tempo.

Não sejamos Eros e Psiquê, em nossos amores hiperbólicos magnificados pelas lentes gravitacionais... para não sermos prosaicas criaturas, um homem , uma mulher, que passeiam de mãos dadas em uma vereda à sombra dos flamboayans.

Não precisamos ser herméticos e ao mesmo tempo polissemia destruidora dos signos da unívoca correlação que faz corresponder pelos significantes os significados, persiana na Saussureana/Pierceana semiologia/semiótica, para termos Insights e Blow-Ups e em Gritos e Sussurros, deixarmos de ser compreensíveis - porque o homem só enaltece aquilo que mal compreende...

Agora sim, despidos, conversaremos com Neruda, nós e ele, olhos-nos-olhos com as vistas descobertas, de poeta para poeta, para devolver aqueles óculos que pelo non-sense nos transformaram em profunda humanidade.

Marco Bastos