O GATO SENTADO

O gato mede a minha natureza
felino calmo pairando sobre as patas
o seu focinho é o tédio, seus olhos
não me seguem, indiferente
aos meus sapatos
A indiferença o meu orgulho arranha
O mármore onde descansa
está cravado ao gato
nada mexe, talvez espere
que o ar se torne exótico
com as cores de um pássaro
Até seu fôlego está parado
num bigode melancólico.



O GATO DE CHAGALL

Eu solto os meus olhos
com o gato do primeiro andar
nele

elevo-me do chão
no voo
de um pássaro

pulo
três quatro lanços
de ar

com o gato solto
nos meus olhos.

                     J. T. Parreira


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