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A IMPRENSADA IMPRENSA ALTERNATIVA
O Seminário está notável,
temos mais é que aplaudir realizações deste
tipo, em uma época tão dicotômica, maniqueísta,
separatista, e outros istas à vista...
No entanto, senti falta da minha querida imprensa alternativa
nos assuntos a serem discutidos no evento, até por ela
encarnar o protótipo da "imprensa literária" como
já foi inclusive designada, uma vez que propagou - e
continua divulgando, agora até mesmo pelos jornais e
revistas do cyberespaço - contistas, cronistas, articulistas,
poetas hoje famosos, como Luis Carlos Maciel, Paulo Leminski,
Ana Cristina Cesar, Torquato Neto, Glauco Mattoso, e o acadêmico
Paulo Coelho, entre outros, beneficiando portanto, em muito,
as nossas letras.
Embora o comum seja atrelar a imprensa alternativa à
época da ditadura militar, uma vez que exerceu importante
trabalho subreptício de resistência cultural, em
verdade, suas publicações de grande porte (como
"Pasquim", "Opinião", "Movimento") ou "nanicas"
(pequenas no sentido de parcas de recursos, mas extensas no
conteúdo) continuan contando a História do Brasil
não-oficial, com características bem brasileiras,
inclusive conservando o "sotaque regionalista" de quem as cria
ou dela participa - como pretendia Machado de Assis, mostrando,
em um painel, os mais heterogênos segmentos sociais
dentro um único e amplo contexto.
Em meu livro "Do Poder ao poder", sobre as alternativas do jornalismo
e da poesia, a partir de 1960 eu lembrava que ler a imprensa
alternativa é mergulhar em águas profundas (aproveitando
a deixa metafórica do Cony!), da microestrutura de diversos
setores da sociedade, pois ela está mais voltada à
formação do que a informação do
leitor (daí ser chamada também de "imprensa do
leitor"), fazendo com que este reflita sobre temas - desde a
política do corpo à função do jornalismo
e das artes, ampliando o exercício da cidadania neste
trajeto - o que a torna uma "imprensa de briga", no sentido
de lutar por seus ideais.
Por tudo isto, senti falta de alguém expondo a imprensa
alternativa, termo aliás criado pelo jornalista Alberto
Dines em um de seus artigos, por ser uma opção
a mais do jornalismo brasileiro, apresentando pessoas e noticiando
fatos e eventos em geral não-priorizados pelo espaço
da grande imprensa.
E por este não ser um artigo propriamente dito, assemelhando-se
pela sua concisão e pressa mais a um texto impresso,
vai formatado em duas colunas, como nos jornais.... |
Leila Míccolis (*)
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(*) Poeta, escritora de cinema, teatro e televisão,
co-editora da Revista Eletrônica Blocos Online, com as seguintes
obras sobre o assunto:
* Catálogo da Imprensa Alternativa, 1986, Leila
Míccolis, RioArte, Prefª do RJ
* Do Poder ao poder - Alternativas no Jornalismo e
na Poesia a partir doa anos 60, 1987, Leila Míccolis, Tchê!
(RS)
* Enciclopédia da Literatura Brasileira, verbetes
de Leila Míccolis sobre Imprensa Alternativa (tomo
1) e Literatura Independente (tomo 2), obra de 1987, atualizada
e co-reeditada, em 2001, por: Oficina Literária Afrânio
Coutinho (OLAC), Academia Brasileira de Letras (ABL), Biblioteca
Nacional e Global, RJ
* Enciclopédia da Imprensa Brasileira Alternativa,
de Leila Míccolis e Edmilson Sanches, Ed. Humanamente, Blocos
e Prefª de Imperatriz (MA) (a sair)
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