As Traças da Paixão

Lucélia Santos retorna aos palcos em tragicomédia de Alcides Nogueira

Maurício Machado completa o elenco da peça dirigida pelo premiado diretor Marco Antonio Braz

Sucesso de público e crítica em São Paulo, o espetáculo As Traças da Paixão, de Alcides Nogueira, chega ao Rio de Janeiro e estreia, no dia 07 de janeiro , no Teatro Poeira . Sob a direção de Marco Antonio Braz, a peça, com Lucélia Santos e Maurício Machado, apresenta amor, humor, verdades e mentiras que se misturam no jogo cênico.

Escrita em 1994, As Traças da Paixão brinca com verdades e mentiras numa tragicomédia de sabor popular que estimula reflexões sobre sentimentos antagônicos que nos acompanham por toda a vida: o amor, o ódio, o companheirismo, a solidão... As traças da paixão que nos alimentam e corroem. Numa linguagem atual, bem brasileira e com boas doses de humor sarcástico, o espetáculo une apelo popular e citações históricas (a princesa Anastácia, herdeira dos czares russos) e teatrais (Plínio Marcos, Nelson Rodrigues, Tchekhov, Sófocles).

“É a peça mais teatral que escrevi até hoje. Um grande duelo entre os personagens Marivalda e Paco, que reproduz o jogo teatral com todos os seus arquétipos” , diz o autor Alcides Nogueira .

Na equipe de criação, Juliana Fernandes assina a cenógrafa, Roberto Cohen criou o desenho de luz, Tunica fez a trilha musical, Mario Campioli cuidou do visagismo e Breno Sanches foi o assistente de direção. Uma realização da Manhas e Manias de eventos.

Sobre a peça:

A partir de uma história real, de uma mulher que se dizia ser a princesa Anastácia Romanov, o texto conjuga muito humor e poesia e se desenvolve através das relações entre dois personagens arquetípicos do imaginário brasileiro: Marivalda, a dona de um bar de beira de estrada que se fez sozinha no mundo, e Paco, o malandro desocupado e sem rumo nem parada. Eles assumem ao longo da peça, várias nuances para os papéis com sentimentos e relações muito distintos, numa ambígua narrativa em torno de um casal, onde qualquer um pode se imaginar sendo qualquer outro.

Facetas diferentes para os mesmos arquétipos singelos e anônimos, cômicos e poéticos, mas sempre despertando grande cumplicidade e rápida comunicação com o público no público. Afinal, é desses contrastes e contradições que são feitas as relações humanas.

Alcides Nogueira resume: “em As Traças da Paixão fui buscar referências no próprio fazer teatral. Na magia que podemos inventar a cada momento, usando e abusando dos mitos” .

Para o diretor Marco Antônio Braz, “Alcides Nogueira no fundo está falando do amor e da morte que são temas rodriguianos. Mas a forma que o Alcides usa para expressar o tema amplia, e muito, o leque através de diversas citações artísticas que vão de Nelson passando por Plínio Marcos até Tchekhov”.

Segundo Braz, o talento do elenco foi fundamental para a montagem. “Acima de tudo ambos são excelentes artistas e profissionais o que por si só já justificaria a escolha. Mas são, sobretudo, atores versáteis do tipo que conseguem tanto acionar a chave da comédia quanto do drama” , afirma o diretor.

A escolha do texto foi do ator Maurício Machado, a quem Alcides Nogueira apresentou e lhe entregou a peça em 2005, convidando-o a fazê-la. “Ele é uma surpresa agradabilíssima, pois é acima de tudo um ator de teatro desses que por sorte reúnem qualidades ancestrais: máscara teatral bela, forte e expressiva, corpo treinado e pronto para o jogo, e uma voz capaz de abraçar o público de um grande teatro sem esforço” , elogia o Braz.

Lucélia Santos se apaixonou pelo texto de Nogueira e por sua Marivalda. “A personagem é ótima, por isso quis fazer a peça” , afirma a atriz. “Talvez tenhamos até alguma semelhança. Assim como Marivalda, nada me assusta, nem na peça, nem na vida.” , completa.

Já Maurício Machado define Paco como um trambiqueiro. “Ele é uma dessas pessoas que não tem espaço no mundo, carinho, afeto e está em busca da sua mãe”. Para ele, a montagem é um dos maiores desafios dos seus 22 anos de carreira. “É uma das coisas mais difíceis que já fiz em teatro. Estamos no limite da construção e desconstrução teatral o tempo inteiro. É um espetáculo hipnotizante e vigoroso onde não existe protagonista do bem ou do mal, os papeis se invertem a todo instante. Um mergulho na alma humana, nas diferentes pessoas que somos e podemos ser. Uma viagem teatral deliciosa”.  


Ainda sobre a peça, comentário de Leila Míccolis

 

Alcides Nogueira:

Escritor, dramaturgo e novelista é autor de grandes sucessos de público e crítica. É hoje um dos dramaturgos mais premiados do país. E por sua obra voltada ao teatro, recebeu três vezes o prêmio Shell de melhor texto, assim como diversos prêmios, mais de uma vez, tais como: Molière , Mambembe, Governador do Estado , APCA , Apetesp e outros. Dentre seus trabalhos de maior repercussão estão: “Feliz Ano Velho”, “Ventania” e “Pólvora e Poesia. Seu mais recente trabalho foi “A Javanesa” (2007), monólogo interpretado por Leopoldo Pacheco.  Na televisão, é novelista de linha de frente da Rede Globo, desde 1982, e escreveu novelas de sucesso, como “De Quina Pra Lua”, “O Amor Está no Ar” e “Ciranda de Pedra”; foi co-autor das novelas “A Rainha da Sucata”, “Deus nos Acuda”, “Torre de Babel”, “Força de Um Desejo” e “As Filhas da Mãe” e das premiadas minisséries “Um só coração” e “JK”, todas para a TV Globo.

Marco Antonio Braz:

É um dos principais diretores e encenadores da atualidade. Dirigiu mais de 20 espetáculos, nove peças de Nelson Rodrigues, entre elas: “Bonitinha, Mas Ordinária”, “Valsa Nº 6” e  “O Beijo No Asfalto”.  Na última edição do Prêmio Shell de 2008 , foi escolhido como melhor diretor por “A Alma Boa de Setsuan” (com Denise Fraga), adaptação da obra de Brecht também assinada por ele.

Lucélia Santos :

Estreou no teatro aos 14 anos de idade, na peça infantil “Dom Chicote Mula Manca e seu Fiel Companheiro Zé Chupança” substituindo a atriz Débora Duarte. Lucélia ganhou todos os prêmios de revelação daquele ano. Logo foi descoberta pelo professor Eugênio Kusnet, que reconheceu seu talento e a convidou para fazer um curso de teatro com ele por dois anos. Logo após o término do curso foi convidada para participar da montagem carioca de “Godspell”. Sua primeira atuação em novelas foi na lendária “A Escrava Isaura” (1976), uma adaptação de Gilberto Braga, que a tornou mundialmente conhecida. A partir daí, manteve nas últimas décadas uma prolífera carreira na TV (14 novelas, 6 seriados, 13 especiais para a TV e apresentadora de 3 programas), no cinema (25 filmes) e no teatro (22 montagens).  Lucélia construiu uma carreira de sucessos contínuos que a transformaram em uma das atrizes mais queridas e populares do Brasil, e também até hoje a atriz brasileira mais conhecida mundialmente por causa das novelas exportadas pela Rede Globo.

Maurício Machado :

Com 22 anos de carreira, o premiado ator estreou no musical “Sonhar Colorido”' dirigido por Alexandre Mendonça, com o qual recebeu o Prêmio Mambembe de Ator Revelação. Além de trabalhos no cinema e na televisão (‘Alma Gêmea'/Globo e ‘Cidadão Brasileiro'/Record), atuou em cerca de 20 montagens teatrais, entre elas, “O Patinho Feio”, de Maria Clara Machado (indicado ao Prêmio Apetesp/1988, como ator Revelação), “O Concílio do Amor”, direção de Gabriel Villela,  “As Filhas da Mãe”,  “Os Germens da Discórdia”, direção de Gilberto Gawronski, “Em Nome do Pai”, com direção de Marcio Aurelio, “Gulliver”, dirigida por Cíntia Alves (indicado ao Prêmio Pananco, como melhor ator de 2000), ‘Um Passeio no Parque', direção de Tonio Carvalho, e o mais recente “Cyrano”, com direção de Karen Acioly  e supervisão de Bibi Ferreira, onde viveu o papel título, e foi indicado como melhor ator de 2008 ao Prêmio Zilka Salaberry.

Serviço:

Local: Teatro Poeira (Rua São João Batista, 104 - Botafogo)
Informações: (21) 2537- 8053
Bilheteria: 2ª. a 4ª. das 15h às 20h/ 5ª. a sábado das 15h às 21h e Domingo das 15h às 20h
Horário: Quinta, Sexta e Sábado às 21h/ Domingo às 19h
Ingressos: Quinta, Sexta e Domingo R$40,00 / Sábado R$50,00
Capacidade: 180 lugares
Duração: 65 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Temporada: de 07 de janeiro a 28 de março

Ficha Técnica:
Autor: Alcides Nogueira
Direção: Marco Antonio Braz
Elenco: Lucélia Santos e Maurício Machado
Trilha Musical: Túnica
Criação de Luz: Roberto Cohen
Assistente de luz: Célia Pagan
Programação Visual: André Moia
Fotografias: Lenise Pinheiro
Visagismo: Mario Campioli
Assistência de Direção: Breno Sanches
Cenário: Juliana Fernandes
Figurinos: Juliana Fernandes / Customização dos figurinos: Caio Sanfelice
Produção cenográfica: NETT-Núcleo Experimental Teatro de Tábuas
Cenotécnico: Victor Akkas
Assistente: Thiago Cordeiro
Desenho técnico: José Evaristo
Acervo de pesquisa: Ana Maria Akkas
Artista plástico: Victor Akkas (texturização, envelhecimento e produção de objetos)
Gerente de Projetos Culturais: Daniella Angelotti
Produção Executiva SP: João Roncatto
Produção Executiva RJ: Reinaldo Galvã
Assistência de produção: Henrique Menezes
Direção de Produção: Eduardo Figueiredo
Realização: manhas & manias de eventos

 

Fotos de © Lenise Pinheiro

Blocos agradece a Alcides Nogueira, incluir Urhacy Faustino e Leila Míccolis na lista de convidados da pré-estreia

Voltar